Por Rogerio Ruschel
Meu prezado leitor ou leitora, entre as
visitas que fiz no final de 2018 na Mantiqueira Paulista, 180 Kms de São Paulo,
estão produtores de vinho e de azeites. Em outra reportagem apresentei a Entre
Vilas da Frutopia (veja aqui: http://www.invinoviajas.com/2019/01/vinhateiros-da-mantiqueira-entre-vilas/).Pois
hoje vamos conhecer a Vinícola Villa Santa Maria e os azeites da Oliq – na foto
acima a vista da Mantiqueira com os olivais da Oliq.
Só para lembrar, a Serra da Mantiqueira tem
mais de 500 Km de extensão, ocupa 129 municipios de São Paulo, Rio de Janeiro e
especialmente Minas Gerais, alcançando altitudes de até 2.798 metros. A parte
paulista ocupa 30% inclui a Pedra do Baú e as cidades de Campos de Jordão,
Monteiro Lobato, Sao Bento do Sapucai, Pindamonhangaba, São Francisco Xavier e
Santo Antonio do Pinhal na denominada Região Turistica Mantiqueira Paulista.
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A
Mantiqueira Paulista tem atrações para todos os tipos de visitantes,
brasileiros e estrangeiros, porque oferece clima, fauna e flora diferentes,
paisagens tranquilizadoras, arquitetura histórica, artesanato, museus, cultura
e história, muita paz de espírito – e gastronomia. Entre as atrações a cuinária local oferece delicias de comer &
beber na forma da gastronomia caipira, com identidade, das geléias, conservas, frutas e mel;
trutas, carnes e fondues; cachaças, cervejas artesanais e chás; temperos, doces
e salgados… E queijos, vinhos e azeites. Hoje vou apresentar uma das vinicolas
e um olivicultor.
Vinícola Villa Santa Maria
Na região da Mantiqueira jé existem muitos
produtores de vinhos. Um dos que visitei foi a Villa Santa Maria, de São Bento
do Sapucai, que produz assemblages e alguns varietais praticamente aos pés da Pedra do Baú. Os proprietários
são Célia e Marco Carbonari. Não os conheci, mas soube pela gerente Aparecida Jucimara
que eles começaram o projeto em 2004 vinificando na EPAMIG com a ajuda do professor
Murilo Albuquerque Regina, e que em 2009 chegaram ao seu primeiro vinho, batizado
de Brandina, nome da avó de Marco Carbonari.
Na
propriedade de 90 hectares estão plantados cerca de 70.000 pés de Merlot,
Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sauvignon, Chardonnay e Viognier,
dos quais 30.000 já produzindo cerca de 10.000 garrafas por ano, na quarta
safra, e com colheita invertida, no inverno. Com as novas vinhas, até 2020 será
viabilizada mais uma etapa do projeto: fazer a vinificação no local. O começo
está bom: o primeiro varietal, um Syrah que degustei, ganhou medalha de prata
em uma competição em Bruxelas.
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Os
investimentos também estão objetivando o enoturismo, e desde julho de 2018 os
visitantes são recebidos num complexo com vista para a Pedra do Baú que inclui
sala de degustação, loja, um deck com mesinhas no jardim e um restaurante
gastronômico com 120 lugares. Aliás, o restaurante, chamado Bruscheteria da
Villa, é estratégico para o turismo dar certo porque o acesso para a Villa
Santa Maria é em terra batida, muito acidentado e cansativo; tenho certeza de
que o visitante vai querer descansar um pouco antes de voltar... Mas as
instalações e os vinhos são excelentes. O bonito deck (abaixo) me lembrou a
adega Martin Codax de Cambados, Espanha, acho que por causa do espaço das mesas
corporativas com tendas e ajardinados no entorno de pequenos espelhos d’água. Gostei
da degustação, todos de tintos muito honestos e agradáveis. Eles aceitam cães e
crianças e recomenda-se reserve - http://villasantamaria.com.br/pt/
Azeites Oliq
Na região você pode conhecer
também produtores de azeites; visitei um deles, a Oliq, que se apresenta assim
na internet: “os azeites OLIQ são produzidos na própria fazenda com azeitonas
frescas, colhidas manualmente. Os pomares de OLIQ são cultivados na
Serra da Mantiqueira, em altitude superior a 1.000 m, na divisa entre
Minas Gerais e São Paulo.” Pois estive lá para conferir e conto como foi.
Visitei os olivais e o lagar, degustei os azeites, conversei com as oliveiras
(sim, eu converso com árvores) e com um dos donos, o seu Antonio Gomes Batista,
mineiro de Itabirito, Minas Gerais (abaixo), que está apaixonado pela atividade. (Não quero
ser fofoqueiro, mas ele me disse que também conversa com as oliveiras…).
Esta árvore surgiu na
face da Terra antes dos humanos e na região das atuais Siria e Palestina foram
encontrados fósseis e vestigios de oliveiras em lagares com mais de 3.000 anos
Antes de Cristo. Atualmente os maiores produtores mundiais estão em climas do
Mediterrâneo como Espanha, Grécia, Portugal, Itália, Turquia e Tunísia, mas
também em outros continentes como na América Latina, no Chile e Argentina. O
Brasil é um grande consumidor e importador e já está produzindo azeites que podem
competir com os do Mediterrâneo. Na verdade já tivemos um ciclo produtor de azeites
nos anos 1960, mas somente agora, nos anos 2000 é que a produção começou a ser
feita de maneira profissional no sul do Brasil e nos contra-fortes da Serra da
Mantiqueira.
Escrevi duas
reportagens sobre isso, veja aqui:
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Azeite de oliva “made in Brazil”: produção ainda pequena, mas que já está
competindo em qualidade com produtores europeus - http://www.invinoviajas.com/2014/05/azeite-de-oliva-made-in-brazil-producao/
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Na
Oliq fui recebido pelo simpático Antônio Batista no lagar Santantonio, onde ele
e suas duas sócias construiram um receptivo simples, mas bem bacana e um lagar
pequeno, mas com equipamentos de refino importados da Itália. Visitei lagares
na Itália, e excetuando um produtor da Sicilia que ainda utilizava moenda de
pedra movida por bois como parte da atração turística, os demais lagares eram
semelhantes a este que vi na Mantiqueira.
Para
frutificar, as oliveiras precisam de 400 horas de frio abaixo de 10 graus por
ano, e por issso a atividade está se dando bem na Serra da Mantiqueira. E é
necessário plantar várias espécies diferentes porque as oliveiras são plantas
que, em geral, não se autopolinizam: uma variedade é polinizada por outra. Nas
duas fazendas, a Santo Antônio do Bugre, em Bento do Sapucaí,
que visiei, e a São José do Coimbra, os sócios vem trabalhando com as
espécies arbequina, arbosana, grappolo, maria da fé, koroneiki, coratina e uma
variedade ainda não identificada, apelidadade de “bicudinha”. As azeitonas
arbequina, de origem catalã são as mais comuns no Brasil – e geralmente são comercializadas
como varietais - na última safra da Oliq a arbequina estava com acidez de 0,1%
- e a maria da fé é uma espécie brasileira.
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Mas a Oliq também vem desenvolvendo azeites com blends com acidez abaixo
de 0,12% chamadas Seleção, bem como também azeites aromatizados com produtos de
produção própria como com limão siciliano, alecrim, pimenta dedo de moça e café.
E um estranho azeite de abacate que degustei mas não gostei. A Oliq investiu em
um receptivo para os visitantes que inclui visita ao lagar (foto abaixo), uma
área de degustação e uma loja com produtos próprios e de terceiros. A estrada
para chegar lá é rústica, pode sofrer bastante com chuvas, e sugiro telefonar
antes para ter certeza de que é um bom momento para visitar – veja aqui: https://www.oliq.com.br/visitas/
Na
minha lista na Mantiqueira Paulista ainda falta apresentar pelo menos as
vinicolas Guaspari, em Espirito Santo do Pinhal e Ferreira, em Campos do Jordão
e Piranguçú. E outros produtores de azeite, mas isso é outra história, vai
ficar para outra degustação.
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