sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Pesquisa mostra que o enoturismo continua a crescer em Portugal e que brasileiros são os principais visitantes estrangeiros

 
Por Rogerio Ruschel (*)

Estimado leitor ou leitora, os brasileiros estão começando a ter importância econômica para o enoturismo de Portugal. Pesquisa realizada entre maio e julho de 2015 pela Turismo de Portugal mostrou que o enoturismo continua crescendo no país. Os visitantes são tanto portugueses como de outros países, meio a meio e entre os 50% de visitantes estrangeiros, os paises emissores mais importantes são o Brasil (com 45%, em azul no quadro abaixo) e o Reino Unido seguidos da Alemanha e França – aliás, países com os quais Portugal não tem fronteira física (veja gráfico abaixo).

A pesquisa foi feita junto a 311 unidades de ecoturismo - são consideradas Unidades de Enoturismo “todas aquelas que produzem vinhos, realizam visitas, oferecem degustação de vinhos e fazem vendas nas instalações” – ou seja, em adegas de vinícolas, como as da foto abaixo, visitada por este repórter.

Entre os aspectos mais importantes identificados pela pesquisa podem ser destacados:
·      A atividade continua crescendo: quase dois terços (63%) dos entrevistados relatam um aumento no faturamento em 2014 em relação ao registrado em 2013. E as expectativas para 2015 também são otimistas: 75 por cento deles acreditam em um aumento das receitas para o corrente ano. Além disso a própria atividade turística vem crescendo em importância para as vinicolas: 97% e 96% das unidades consideraram que o enoturismo tem um papel “muito importante” ou “importante” em termos de reconhecimento e a divulgação das empresas. E no que se refere a contribuição econômica, 69% consideram o turismo como uma contribuição “muito importante” (20%) ou “importante” (49%) para a vinícola como um todo.

·      O enoturismo é uma atividade recente na indústria: 51% dos entrevistados começaram a oferecer serviços de turismo na vinícola na década de 2000 a 2009 e 30% entre 2010 e 2014. A atividade começou na região do Douro, foto abaixo.

·      Embora a atividade seja estratégicamente importante, os volumes ainda são pequenos: cerca de 48% dos entrevistados informaram ter recebido até 500 visitantes em 2014; 24% delas informaram ter recebido mais de 5.000 turistas por ano.

·      A maioria dos visitantes tem entre 35 e 54 anos (60% do total) e os meses de verão (julho e agosto) são os de maior procura ao lado de setembro, que é o mês das vindimas e de festas tradicionais relacionadas com o vinho. (No Brasil este período preferencial é de janeiro a março no sul do país).

·      As Unidades de Enoturismo estão na internet, tanto através de websites (85%) como de redes sociais (81%). 97% das unidades de enoturismo afirmaram disponibilizar os respectivos websites em português e 87% também em inglês. Apenas 18% das unidades disponibilizam o website em francês e 10% em espanhol. Uma das entrevistadas informou ter mais de 150 mil visitas anuais no site, mas também há quem fale em menos de 10 no ano. Nas redes sociais como Facebook, o espectro de visitas varia entre 60.000 e apenas 9 “Likes”. Ainda em redes sociais, apenas 25% dos que estão ativos nas redes sociais têm mais de 5.000 “Likes” e 20% têm menos de 1.000.

Através da AMPV (Associação dos Municípios Portugueses do Vinho) que representa mais de 80 comunidades, Portugal tem participado ativamente de atividades para incrementar o enoturismo realizando debates e congressos, organizando feiras e eventos, apoiando entidades internacionais como a Associação Internacional de Enoturismo (Aenotur) e Rede Europeia das Cidades do Vinho (Recevin); nestas duas entidades a AMPV tem status de vice-presidência.

Uma das atividades que tem ajudado a ampliar o enoturismo é o Dia do Enoturismo Europeu, criado em 2009 pela Recevin, e que hoje – na forma de Dia, Semana ou Mes do Enoturismo - já chega a mais de 100 municípios municípios nos quais o vinho é econômicamente estratégico de 11 países europeus:  Alemanha, Áustria, Bulgária, Eslovenia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália e Portugal. Em 2015 até mesmo no Brasil foi realizado. Na foto abaixo este repórter na visita a Herdade do Esporão, no Alentejo.

Mesmo que figurem bem nas estatísticas, os brasileiros de fato ainda não descobriram Portugal: somente 500 mil estiveram no país em 2014 e mais de 70% ficam na região de Lisboa, não descobrindo este fantástico país de tantas belezas e delícias. Se lembrarmos que mais de 15 milhões viajaram para o exterior naquele ano, poderíamos tranquilamente duplicar a quantidade de brasileiros em Portugal, se os brasileiros “se lembrasssem” de Portugal. Falta promoção feita no Brasil, por brasileiros, e não deve ser exclusivamente em vinícolas, e sim, de uma região, um roteiro e um pacote de descobertas – entre as quais, bons vinhos!

(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil, mas está atendo ao que acontece em todo o mundo na área de enoturismo.

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