sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Establecimiento Juanicó, em Canelones: a primeira cave subterrânea do Uruguai, com 150 anos, guarda vinhos e segredos que surpreendem visitantes e especialistas

Por Rogerio Ruschel (*)
Meu caro amigo ou amiga, a Establecimiento Juanicó é uma daquelas vinícolas que está na rota obrigatória de enófilos e turistas que visitam o Uruguai, por pelo menos três motivos: os vinhos são excepcionais; é um patrimônio arquitetônico e cultural com história e seviços de qualidade – o que inclui um restaurante afamado; e fica a apenas 38 quilometros de Montevidéu.

Estive lá com um grupo de especialistas de vários países durante um congresso internacional de enoturismo, e todos ficaram impressionados; embora os detalhes da decoração interna sejam considerados o ponto alto (além das caves subterrâneas), a beleza rústica e preservada dos tijolos centenários com charme inglês e as madeiras de grande beleza do prédio central são inesquecíveis.

Na verdade, antes de chegar aos prédios, uma portaria grande (foto abaixo, onde está este repórter) e uma estradinha de acesso rodeada de árvores e vinhedos já vai lhe dar as boas vindas. Aí você chega aos prédios. Alguns falam que o prédio central (onde funciona o restaurante, na foto abaixo) onde hoje são recebidos os visitantes, teria sido construído por  jesuítas mais de 250 anos anos atrás, mas o que se tem documentado é que em 1830 Don Francisco Juanicó construiu uma adega subterrânea que até hoje é insuperável para o envelhecimento de vinhos de alta qualidade por causa de seu ar condicionado natural. 

Desde esta data, ao longo de 150 anos a propriedade teve altos e baixos, vários proprietários e em 1979 – quando era do Estado uruguaio - a família Deicas, encabeçada por Juan Carlos Deicas, assumiu a Juanicó e começou uma pequena grande revolução. Na foto abaixo um dos ambientes decorado para evento especial.
A família investiu em novas cepas, novas tecnologias, equipamentos enoturismo, mas principalmente na mudança de mentalidade, o que vem transformando a empresa em uma organização com ampla linha de produtos e presente em diversos países, tanto da Europa quanto da Ásia e Rússia especialmente a partir de 1994, quando a Juanicó começou a colher resultados internacionais expressivos em premiações e na exportação. Hoje três gerações Deicas se auxiliam no comando das operações da vinícola.


O clima ajuda: o Uruguai está no paralelo 34, a mesma localização do Chile, de Mendoza na Argentina, Stellenbosch na África do Sul e Austrália, algumas das regiões vinícolas mais bem sucedidos do Novo Mundo, por causa do clima temperado, com temperatura média anual de 16,6° C e estações bem marcadas com verões quentes e invernos frios e geada significativa.

O solo é argiloso-calcáreo com boa drenagem e as uvas vão bem, especialmente a Tannat – ícone enológico do Uruguai - mas também as Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot, Shiraz e Pinot Noir (tintas) e as brancas Chardonnaym Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris, Gewürztraminer e a Viognier. A empresa tem 240 hectares de vinhedos próprios e comopra uvas de outros 150 hectares de terceiros. 

Na cave subterrânea – a primeira do Uruguai, construída em 1830 – mais de 500 barricas de carvalho dormem no escuro, com vinhos que podem ficar de 3 a 36 meses dependendo da uva e da safra. Ali estão os futuros varietais reserva como o Don Pascual Reserve, o Família Deicas (foto abaixo) e o  Massimo Deicas Tannat que com 10 anos de guarda se mostra como um vinho de grande coloração roxa, aroma complexo e intenso de frutos negros, compota e alcaçuz com notas de carvalho. Entre os que lá degustei, este é um vinho que pode competir em prazer enológico – e está competindo, acredite – com similares Gran Cru de Bordeaux e brunellos montalcinos.
O passeio padrão inclui a área dos vinhedos, as adegas, os antigos edifícios de pedra e a adega subterrânea de 1830 e termina em uma degustação muito agradável. Se você quiser pode ver e fotografar pássaros, porque uma das opções oferecidas é o avistamento de mais de 40 espécies de aves a partir de um mirante estrategicamente construido entre os vinhedos e os bosques.

Wilson Torres Chávez, o atencioso e competente diretor de enoturismo da Juanicó (foto abaixo) me disse que podem ser organizados eventos para grupos que incluem churrascos com muitas carnes uruguaias (feitas pelo churrasqueiro que você na foto acima) e roteiros mais sofisticados que incluem queijos e azeites também produzidos pela Família Deicas, com degustações e jantares bastante seletivos com sobremesas como a da foto acima. Como você vai gostar, poderá comprar os vinhos na boutique, parcialmente mostrada na foto acima - e compre mesmo para nnao se arrepender depois. Apenas uma lembrança: o restaurante atende somente com reservas antecipadas. 

Saiba mais em http://juanico.com/?cat=56&lang=es  E boa viagem.

(*) Rogerio Ruschel é editor do In Vino Viajas a partir de São Paulo, Brasil e gosta muito de vinhos com identidade e sabor, como os tannat uruguaios da Juanicó.



2 comentários:

  1. Desde Uruguay los felicito. Muy buena nota para destacar al Establecimiento Juanicó.
    Con larga historia detrás y con un presente de excelentes vinos.
    Por la belleza del entorno, sus instalaciones antiguas, muy bien conservadas y adaptadas a recibir al público para degustar sus vinos, es un lugar imperdible de visitar en nuestro país.

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  2. Gracias por la lectura, Nilda. Me gustó mucho la visita y fué muy bien recebido por el Señor Wilson, el gerente de Juanicó. Esta es una organización na qual ustedes deven levar los vistantes y se orgulhar de esto! Abraços, Rogerio

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