sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Conheça as sensuais Demoiselles da “L’Art du vin” da artista francesa Tatieva, a versão contemporânea das Callipyges gregas e pin-ups norte-americanas.


Exclusivo - Estimado leitor ou leitora, tenho o prazer de apresentar a você a re-encarnação francesa de uma herança milenar grega e da cultura pop norte-americana: as pin-ups "Demoiselles da L’Art du vin” (acima, abaixo e em toda a reportagem), criadas pela artista francesa Tatieva, de Annecy, que cedeu textos e imagens com exclusividade para o “In Vino Viajas”. 

Estas pin-ups francesas - que Tatieva também chama de Callipyges - são mulheres voluptuosas e sensuais que relembram as estátuas romanas da deusa grega Venus (as Callipyges) cujo nome se aplica de maneira genérica a estátuas da deusa que mostram seios e nádegas voluptuosas; na verdade, são as pin-ups das culturas grega e romana. Na foto abaixo, uma destas callipyges, de autoria ignorada, exposta em um museu de Nápoles.

Mostrar mulheres, modelos ou atrizes em poses sensuais em ilustrações, gravuras, estátuas ou fotos é uma tradição registrada provavelmente desde os tempos das cavernas e sempre acompanhou a civilização humana, mas se notabilizou como parte da cultura pop nos Estados Unidos como as pin-ups. Desde os anos 1920 as pin-ups eram “mulheres fatais” como Theda Bara, Greta Garbo, Lauren Bacall, Mae West, Marilyn Monroe, a brasileira Carmen Miranda e Betty Grable, uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood nos Anos 40 (foto abaixo), que enchiam cartões postais, revistas, jornais, posteres e calendários de parede. 

Tal como as pin-ups de Holluwood que enlouqueceram várias gerações masculinas, especialmente entre as décadas de 1930 a 1960, as "Demoiselles da L’Art du vin” (Senhoritas da Arte do Vinho) de Tatieva também são mulheres voluptuosas, sensuais e com forte apelo para o erotismo provocativo. Mas enquanto as pin-ups made in USA tinham como principais meios de divulgação calendários de parede, revistas pop e os armários dos soldados norte-americanos durante a Segunda Grande Guerra, as Demoiselles de Tatieva nasceram em solo francês e frequentam especialmente paredes de museus contemporâneos, ambientes underground e as páginas de internet.
Entrevistei a artista. Tatieva nasceu em Grenoble, França, em 1965, e vive e trabalha em Annecy, uma simpática cidade da região dos Rhône-Alpes. Autodidata, ela pinta e escreve desde a infância e foi ainda como adolescente que ganhou seu primeiro prêmio como artista. Trabalhou com pintura a óleo mas descobriu o prazer da pintura com acrílico, porque, segundo ela, “um estado de espírito de luz, o acrílico presta-se a todos os meus caprichos”. É teimosa e caprichosa: frequentemente foge do padrão convencional de uso de harmonização das cores e é obsessiva: chega a colocar sobre a tela 12, 15 ou até 20 camadas de cor para obter o brilho desejado.
Tatieva me disse que sente e vive profundamente seu trabalho. Ela costuma esfregar os pincéis com tanta força e volúpia que faz o pedaço de metal que segura as cerdas arranharem a tela - e completa dizendo que "a música do pincel na tela é preocupante, cadenciada e hipnótica" e que “Às vezes o processo criativo é tão avassalador que eu choro, me entrego totalmente a essa emoção, às vezes brutalmente; esta é uma batalha, uma luta e eu amo."
A artista francesa já fez exposições na França, Itália e Estados Unidos. Cria em suportes diferenciados como almofadas, cartões postais, sombrinhas, ilustrações para poemas eróticos ou carimbos de borracha, mas se expressa principalmente desenhando as pin-ups francesas que chama de Callipyges e que são lindas, leves e soltas.
Seus temas são mulheres livres, a nudez, banhistas, pesquisa com cores, alma zen, mas também o vinho, como na série “L’Art du vin” da qual estamos mostrando algumas obras que foram cedidas com exclusividade para os leitores de In Vino Viajas. Tatieva me disse que vinho é um dos temas preferenciais: “É a poesia da vinha que me dá a mordida mais saborosa, o mais carnal de si mesmo. Da mesma forma, o mais fascinante também. Eu fecho meus olhos e espero. E sinto que as minhas papilas gustativas estão prontas para receber o líquido do frasco divino.” (tradução livre de mensagem em francês).
Na verdade, meu caro leitor ou leitora, Tatieva, assim como todos nós que somos apaixonados por vinho, percebemos a poesia e o gosto do vinho por antecipação – só que ela transforma isso em uma arte que sensibiliza e conquista os olhos. O trabalho de Tatieva pode ser conhecido e adquirido pelo site (http://tatieva.weonea.com/ ), no Facebook 
--> (https://www.facebook.com/tatieva.lartduvin ou pelo blog pessoal http://tatieva.canalblog.com/.
Tatieva (na foto acima) me enviou um texto sobre como o vinho inspira e se relaciona com seu trabalho que eu publico abaixo, no original francês porque precisa ser “bebido” no idioma em que foi escrito - eu não tenho coragem de tentar traduzi-lo para qualquer outro idioma. Tatieva, merci pour le partage de votre univers créatif avec mes lecteurs.
Un soir à l'atelier... Sur le plan de travail, d'un bois usé jusqu'à ses fibres les plus intimes, pinceaux et pigments, mines de plomb et feutres mènent joyeuse danse. Craies grasses et châssis au lin rustique, à la maille épaisse s'entendent comme larrons en foire, un brin paillards. Dans ce fatras tant aimé trône, gaillard et bien entouré, un verre de vin. Selon l'humeur, oublié ou bu jusqu'à plus soif, jusqu'à la lie. Quand elle s'abandonne à la peinture, que le temps n'a plus de prise, le vin s'évapore. Il laisse derrière lui, contre la rondeur transparente d'un verre replet, une trace. Ses tanins en fines granules, délicates particules de terroir, la troublent. Rubis, grenat, alizarine. Le rouge l'émeut. Celui des tubes comme de la vigne. Celui qui sonne le rappel des artistes de jadis, sans cesse sur l'ouvrage, à le peaufiner, le ciseler pour le rendre merveille. Un tableau qui prendra poussière dans un musée comme une bouteille dans une cave, le temps ne les rendant que plus puissants. A l'oeil ou au palais. Ce rouge, avec patience, gorge les grains d'un raisin juteux sous un brûlant soleil. Avec son déclin s'annoncera le temps travailleur et festif des vendanges. Ce rouge lui fera perdre raison, un soir, entre deux griffures sur la toile. Ce verre-là, elle ne l'oubliera pas dans les viroles rouillées. Pas plus que les autres. Et ma foi, qu'importe son nom, son étiquette tant que son esprit s'évade sur des sentiers créatifs inexplorés, sur des chemins tant parcourus qu'ils en sont familiers jusqu'au plus petit caillou ou sur des routes qui ne mèneront nulle part. Cette nuit où le vin ne s'évapore pas, elle n'en a cure. Il rince avec générosité gosier et chagrin, dénoue les noeuds du coeur et libère ce qu'il a de meilleur en lui, son âme. -Ses joues virent au rouge, le regard pétille, la main s'envole. Avec fantaisie et espièglerie, le pinceau parcourt la toile, la dénude délicatement. Canaillerie en zeste, les pudeurs s'effacent à chaque lampée bienvenue. Et ce vin lourd, chargé, robuste et plantureux se révèle léger, presque trop fruité le long de ces heures nocturnes.” Tatieva.
(*) Rogerio Ruschel edita In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, mas gosta de poesia e vinho de qualquer parte do mundo – especialmente quando eles vem do coração.




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