sábado, 18 de outubro de 2014

Rota Romântica, no Rio Grande do Sul: conheça o charme da cultura alemã que surpreende os turistas e vai encantar você



Por Rogerio Ruschel, textos e Sabrina Schuster, fotos (*)

Existe uma região não muito longe de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Brasil, que é encantadora porque tem o dom de transportar os visitantes para a Alemanha: a Rota Romântica, onde a cultura alemã e o clima europeu são coisas do dia-a-dia e por causa disso são verdadeiros e encantam os turistas. É um dos poucos lugares do Brasil onde você vai poder encontrar pessoas como este casal  da foto acima, orgulhoso de suas origens germânicas, fotografado na Floricultura Úrsula - fundada pelo russo Georg Sobestiansky em 1950, mais um patrimônio de diversidade cultural de Nova Petrópolis, um dos 14 municípios da Rota Romântica. 

A Rota Romântica brasileira foi inspirada na Romantische Strasse da Alemanha, que recebe 24 milhões de visitantes diários e inclui entre suas atrações o famoso Castelo de Neuschwanstein - aquele que teria inspirado Walt Disney - a maior atração turística da Alemanha. No Brasil não temos castelos assim, mas no outono as imagens das rodovias nas duas regiões são tão parecidas, que as vezes se confundem – veja acima e abaixo fotos do roteiro gaúcho.

A Rota Romântica gaúcha é um projeto turístico organizado por representantes do trade turístico e de órgãos públicos. Foi criada oficialmente em 22 de abril de 1996, e tem como objetivo “Divulgar e Fomentar o Turismo Regional de Forma Coletiva”. É uma entidade civil de direito privado, constituída como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público sem fins lucrativos.  A  entidade tem entre seus sócios pessoas físicas, jurídicas e órgãos municipais, tem sede em Nova Petrópolis, e atualmente é presidida por Cláudio José Weber.
Com o comprometimento de todos os envolvidos, investimentos continuados em qualidade e capacitação e permanente sensibilização dos 670 mil habitantes, a região tornou-se um pólo turístico de alto padrão, capaz de sensibilizar qualquer visitante. Sei que sou suspeito para falar por ser gaúcho, ter morado em São Leopoldo (que integra o roteiro) e ser descendente de alemães, mas modéstia a parte, é tipicamente uma “coisa de gaúchos”, feita com capricho.

É um roteiro encantador para ser feito de automóvel que utiliza cinco rodovias e simpáticas estradas municipais em 14 municipios na planície do Vale do rio dos Sinos e no planalto da serra gaúcha. Alguns dos municípios tem maior tradição turistica, como Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula; outros são sedes de cidades de médio porte – como São Leopoldo, Novo Hamburgo e Estância Velha - veja abaixo um mapa simplificado.

Outros são municípios menores com muitos encantos próprios: Ivoti, Dois Irmãos, Morro Reuter, Santa Maria do Herval, Presidente Lucena, Linha Nova e Picada Café, onde você poderá descobrir em cada curva cenários como esse das foto abaixo – onde, acredite, você será “Bem Vindo” para tomar um copo d’água e descansar um pouquinho.

Este ambiente de forte influência germânica foi documentado pela fotógrafa gaúcha Sabrina Schuster (que estudou na Alemanha e mantém seu estúdio na região) em mais de 2.000 imagens, das quais algumas foram expostas recentemente com grande sucesso no Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo, em Porto Alegre. In Vino Viajas vai publicar fotos inéditas de Sabrina para compartilhar esta beleza com seus leitores brasileiros e estrangeiros - entre os quais muitos alemães; e vamos começar agora, conhecendo um pouco da região.

Em toda esta região as comunidades cultivam os valores culturais de origem alemã que se manifestam em todos os lugares, o tempo todo: na arquitetura, no grande calendário de eventos e festas comunitárias, em feiras de produtos coloniais, na existência de bandinhas típicas e grupos folclóricos, na gastronomia excepcional, na produção de cervejas com sabor local, nos vilarejos com igrejinhas e belos jardins, nas escolas e famílias.

A arquitetura alemã é uma das heranças preservadas. Em Ivoti, um dos municipios da Rota Romântica, está um dos mais ricos patrimônios arquitetônicos da colonização alemã no Brasil - veja foto abaixo.

Em 1826 diversas famílias de origem germânica, provindas da região do Hunsrück, se instalaram em Ivoti e em pouco tempo construiram casas em estilo enxaimel, com sotaque medieval, montadas através de encaixes de madeira e preenchidas com pedras e barro e revestidas de uma camada de cal.

Muitas destas casas possuíam um prédio menor em anexo que abrigava a cozinha com a chapa de fogão, o tradicional “kochplatt”, onde girava grande parte da vida social das familia. Outros detalhes da arquitetura germânica podem ser vistos na foto abaixo.

A “germanidade” da origem da maioria da população está presente não apenas nos cabelos loiros e olhos azuis dos moradores como o grupo de crianças da foto abaixo, mas no idioma alemão dialético ainda ensinado em algumas escolas, ou no português com forte sotaque.


A herança alemã também está nas suas tradições culturais: o gosto pela dança, pelo canto, música e festas. Ou no vestuário, como se vê na foto abaixo de duas primas. Mas se manifesta também e principalmente na importância que é dada à natureza e à educação. Igreja, escola e trabalho – além da família - foram no passado e ainda são no presente as pilastras sobre as quais se constrói a história destas cidades que compõem a Rota Romântica.

A sede da Rota Romantica é Nova Petrópolis, apelidada de “Jardim da Serra Gaúcha” por ser uma das cidades mais floridas da região.  A cidade preserva até hoje as casas em estilo enxaimel com jardins floridos, o idioma, as danças e músicas folclóricas, os trajes típicos, a gastronomia e a arquitetura. Mas, Nova Petrópolis merece um post exclusivo, que vamos publicar aqui em breve. Por enquanto conheça a Torre Medieval, onde está instalada a Central e Informações Turísticas e a Sede da Rota Romântica,   localizada no entroncamento da BR116 e RS235. Confira na foto abaixo.

Ainda não falei de uma das principais atrações turísticas da região, a gastronomia, nem da cerveja e dos vinhos, porque será necessária outra reportagem só para isso – até porque o famoso café colonial, aquele com 70 delícias na mesa (foto abaixo), foi criado aqui. 
 
A Rota Romântica é riquíssima em detalhes que vamos mostrar aos poucos, em outros posts, com fotos escolhidas pela fotógrafa Sabrina Schuster – que você pode conhecer na foto abaixo, em foto feita por uma amiga, a fotógrafa Daiane Daros.

Sei que sou suspeito para falar por ser gaúcho, descendente de alemães e editor deste blog, mas sugiro que você não perca os próximos posts sobre a Rota Romantica, o charme germânico do Rio Grande do Sul que encanta turistas do mundo inteiro. Prost!

Conheça o trabalho de Sabrina Schuster em http://www.sabrinaschuster.com.br/home/

(*) Rogerio Raupp Ruschel é jornalista, enófilo e sempre foi encantado pelo Rio Grande do Sul onde nasceu e morou por quase 30 anos.



 
 

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