segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Alentejo, Portugal, é eleito o melhor destino vinícola do mundo pelos leitores do USA Today, o maior jornal dos Estados Unidos; veja porque


Por Rogerio Ruschel (*)
Durante quatro semanas os leitores do maior jornal dos Estados Unidos – o USA Today – podiam escolher entre 20 destinos vinícolas do mundo, e preferiram o Alentejo, em Portugal. O concurso terminou dia 4 de agosto com a divulgação de uma lista dos 10 destinos mais votados; a região portuguesa superou outros 19 concorrentes ficando à frente de regiões badaladas como Champanhe e Bordeaux, na França, La Rioja, na Espanha, a Toscana italiana, Hunter Valley, Australia, a Croácia e até mesmo Napa Valley, na Califórnia, que fica no pais dos eleitores. Abaixo, região de Alqueva, vilarejo com 329 habitantes.

Os 20 destinos foram pré-selecionados pelos peritos em vinho Frank Pulice e Kerry Woolard, jornalista do USA Today que descreve o Alentejo assim: “Quando a maior parte das pessoas pensa em Portugal, pensa imediatamente no Douro. Mas rume para sul até ao Alentejo e não ficará desapontado. Lá voce vai encontrar uma região muito bonita, adegas-boutique, hotéis de serviço completo, excelentes restaurantes e, claro, vinhos formidáveis”. Abaixo, um vinhedo alentejano.

A lista dos 10 destinos mais votados pelos leitores é esta:
1.     Alentejo, Portugal
2.     Okanagan Valley, Canadá
3.     Maipo, Chile
4.     Marlborough, Nova Zelândia
5.     Croatia, Croácia
6.     Napa Valley, Estados Unidos
7.     Tuscany, Itália
8.     Oregon, Estados Unidos
9.     Hunter Valley, Australia
10.  Virginia, Estados Unidos

A Região do Alentejo é muito grande (veja mapa acima). Ocupando quase um terço de Portugal, esta província banhada por muito sol e com vastas planícies onduladas é salpicada com montado de sobro (a árvore que produz a cortiça) e oliveiras e aldeias caiadas de branco que parece ter parado no tempo. No verão, trechos de trigo dourado e manchas de flores silvestres fornecem uma tapeçaria de cor e perfume.

Ao norte, a paisagem alentejana é mais austera, tem uma paisagem definida pela Serra de São Mamede, uma escarpa rochosa de granito desgastada pelo tempo de frente para a fronteira com a Espanha, cheia de aldeias medievais e ruínas de outrora poderosos castelos construídos para proteger a fronteira.

Nesta região bonita e rica em diversidade estão as vinhas cuidadosamente ordenadas, um lembrete de que o Alentejo é uma das regiões vinícolas mais férteis e produtivas do país.  No entanto, apesar de seu fascínio tentadora, esta ainda é uma das áreas menos visitadas de Portugal.

Há cerca de 70 adegas espalhadas por toda a região. Algumas, como a Herdade da Malhadinha Nova, em Albernoa, oferecem alojamento, gastronomia e muitos programas de atividades ao ar livre. E restaurantes, como a Enoteca do Redondo (foto abaixo), no Castelo de Redondo, que tem mais de 50 vinhos das 8 sub-regiões demarcadas do Alentejo (como os vinhos de Mouchão, Cartuxa ou Pera-Manca),  além de queijos (como os de Serpa, de Évora e de Nisa) e embutidos.

Outros são parte de propriedades nobres, como a Dona Maria Vinhos, que está alojada em uma mansão do século 18, com uma adega de 150 anos com lagares raros de mármore. Experimente arroz de tamboril, de miúdos ou de pato; amêijoas, bacalhau à Braz, embutidos, cabrito assado e gaspacho com peixe frito (fotos abaixo), açorda alentejana (sopa azeiteira), o pão alentejano, perdiz estufada...

A Rota dos Vinhos do Alentejo é coordenado a partir de uma sala de exposição com recrusos de tecnologia inteligente em Évora – a cidade medieval - onde você pode degustar vinhos únios, de graça. No entanto, do lado de fora das muralhas da cidade está outra adega histórica que vale a pena explorar, Cartuxa, na Quinta de Valbom.  A adega é na verdade um antigo refeitório utilizado pelos monges cartuxos datado de 1776, onde o turista pode apreciar um legitimo vinho regional alentejano durante a apresentação de um canto gregoriano melodioso.

Por isso tudo, prezado leitor, proponho um brinde à comunidade do Alentejo.

(*) Rogerio Ruschel é jornalista e enófilo e mora em São Paulo, Brasil, mas tem o coração solto no mundo - e com espantosa frequência, em Portugal.

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