quarta-feira, 16 de julho de 2014

Sorbonne e Paris, Avignon e Châteauneuf-du-Pape: aprendendo a conhecer vinhos, apreciar a comida e conviver com os franceses – em francês.



Por Karina de O. Noçais, texto (*)
Exclusivo para In Vino Viajas - Uma das vantagens de se visitar um pais estrangeiro dominando o idioma nativo é que as janelas se abrem de maneira mais fácil e rápida. Quando fiz Letras em São Paulo e optei pela língua francesa, não tinha idéia de que ganharia junto com uma profissão, um hobby que me traria, além de uma nova cultura, uma série de oportunidades de crescimento. (Estou falando de crescimento cultural, mas tenho que ficar atenta para não ter crescimento físico comendo as delicias dos doces franceses, como os da foto abaixo...)
E para me aperfeiçoar, em 2013 tive a oportunidade de estudar em uma das melhores universidades do mundo, a Sorbonne, um lugar onde estudaram pessoas ilustres como o Cardeal Richelieu, São Tomas de Aquino, Simone de Beauvoir, Claude Levi-Strauss e brasileiros como Fernando Henrique Cardoso e Celso Furtado - e onde Dante Alighieri foi professor (a foto abaixo do brazão resume a história de Alighieri na Sorbonne). Fundada em 1257 por um padre na época confessor de Louis IX, um dos reis mais importantes da França e que foi canonizado como São Louis, a Sorbonne tem uma história belissima, e fica em uma ilha que leva seu nome e que tem um dos melhores sorvetes de Paris.

Em julho a Sorbonne tem os cursos de Língua e Civilização Francesa que tem a duração de 30 a 60 dias para todos os níveis, e assim tive a oportunidade de estudar em frente ao Jardim de Luxemburgo, no coração de Paris e no primeiro albergue para meninas da Universidade (veja foto abaixo), onde tudo parece ter uma história.

Conhecendo o idioma é possível fazer melhores escolhas em feiras livre de rua e aprender as diferenças entre os tipos queijos, embutidos, azeites e outros alimentos - e até mesmo escolher em supermercados para depois fazer como muitos franceses, fazer um almoço simples e barato sentado à beira de uma maravilhosa fonte. 
Estudar na Sorbonne (abaixo) foi uma experiência única, pois durante o mês do curso pude vivenciar o dia a dia de um parisiense e assim todos os dias tomava bons vinhos e provava da culinária que é patrimônio mundial imaterial da UNESCO.

Paris é uma cidade na qual podemos comer muito bem em qualquer esquina desde um saboroso sanduiche de queijo brie por 4 euros, como bistrots, cafés, brasseries por todo o lado. E assim se pode apreciar um confit de canard, meu predileto, por 15 euros com entrada e sobremesa ou para quem quer algo único pode se presentear com um jantar em um dos restaurantes mais requintados do mundo como o La Tour d’Argent (foto abaixo, com vista para o rio), o Le Bristol, ou o Plaza Athène, entre outros.
Nos fins de semana viajava com amigos e fui conhecendo lugares incríveis como regiões produtoras de vinho. Aliás, viajar e falar o francês me permitiu curtir outra paixão que já existia que é o vinho e como professora de francês eu pude aprofundar meus conhecimentos nesse mundo que é muito amplo e rico em cultura. Um dos lugares que recomendo é Avignon (foto da catedral abaixo) onde acontece todos os anos, no mês de Julho, o maior festival de teatro do mundo. 
Lá existe uma famosa ponte, a Ponte d’Avignon que é um ponto conhecido por meio do folclore francês. O Festival de Avignon é a principal atração festiva da cidade, mas outra atração é a culinária e os vinhos Rio Rhone (abaixo), região do meu vinho rosé predileto, o Tavel, sem falar nos vinhos Côte du Rhone maravilhosos e dos passeios para conhecer os campos de lavanda e de girassol que temos por tudo.

Quando cheguei a essa região fiquei encantada com as paisagens, os vinhos sem falar na história que tem impregnada em tudo que vimos e tocamos, é uma cidade medieval que foi construída para o Papa Clemente V em 1309 e onde entre 1378 e 1417 podemos dizer que houve dois Papas um na França e outro em Roma. Há quinze minutos de Avignon, de carro, chegamos em Châteauneuf-du-Pape (foto abaixo), o chateau de verão do morador ilustre, em ruinas. Alguém me disse quando fui lá pela primeira vez, que o Papa trouxe da Itália uma muda da videira do vinho que bebia em Roma e plantou, iniciando as vindimas em Châteauneuf; como o terroir muda a planta, dessa forma, teoricamente, a videira ficou muito melhor na França.


Outro lugar maravilhoso na França que deve estar no seu roteiro de apreciador de vinhos é Bordeaux, a capital mundial do vinho (foto abaixo), uma região que mesmo indo pra lá várias vezes não é possível dizer que se conhece intimamente, mas que temos vontade de voltar. Mas isso exige outro post, que prometo escrever outro dia.

A língua francesa me presenteou não só com uma profissão, mas também com uma cultura do vinho, da comida e de cultura extremamente vasta. E por causa disso descobri, ainda na universidade, que ensinar passaria ao aluno uma nova forma de ver o mundo pela língua francesa, razão pela qual hoje sou professora particular de Francês em São Paulo, de alunos que querem se especializar em vinhos, ou simplesmente melhorar sua qualidade de vida - santé!

(*) Karina de O Noçais (na foto acima, e-mail karina.nocais@yahoo.com.br) nasceu em Santos-SP, é professora formada em Letras pela pela PUC-SP e professora de Francês; formada em um curso de Sommelier pela ABS, trabalha com vinhos de Bordeaux. 


4 comentários:

  1. Belíssimo texto Karina, Rogério! Fiz um roteiro enoturîstico pelo Rhône há dois meses - vindo da Provence, a caminho da Bourgogne - e conhecemos lugares como Avignon, Châteauneuf-du-Pape, Tain l'Hermitage, Cornas, Condrieu... E foram mesmo momentos inesquecíveis, alguns dos quais também tentei transcrever em meu blog www.conservadonovinho.blogspot.com.br (sem a habilidade de uma professora de Letras, contudo... Sou engenheiro!) rsrsrs
    Abraços!

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    1. Obrigado, Carlos Eduardo. a França é mesmo muito bonita e sempre tem algum lugarzinho especial para descobrir, o que vamos fazer aqui no In Vino Viajas. Abs

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  2. Olá Carlos Eduardo,
    Espero que agregue para todos os nossos posts, agora vi o seu e achei incrível o da Borgonha, é um lugar que não conheço ainda.
    Abraços

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  3. Muito interessante o post. Espero voltar a França mais uma vez para conhecer Bordeaux e Avignon.

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