terça-feira, 26 de novembro de 2013

Vinhos amadurecendo no fundo do mar ou descansando com blues & jazz: idéias criativas para produtos com identidade e sabor próprios

Por Rogerio Ruschel (*)

Tesouros no fundo do mar

Tesouro é o único fabricante de vinhos espanhóis submarinos, com sua adega localizada no Golfo da Biscaia. Depois do tradicional  amadurecimento em barricas de carvalho americano, o vinho é colocado no fundo do mar e continuamente monitorado por biólogos e enólogos. Segundo os fabricantes, no fundo do mar é onde o rótulo Tesoro adquire o seu caráter único e ao mesmo tempo ajuda o criar um recife artificial onde foram identificadas mais de 80 diferentes espécies de vida marinha.
O cliente recebe uma garrafa praticamente nua, com um pacote muito especial: três peças perfuradas e uma peça sólida compõem a embalagem na qual a garrafa será alojado. Duas tiras de borracha protegem o interior do tesouro – todos materiais simples, reciclados e fora do contexto de um projeto convencional.
Mas a Tesoro espanhola não está sozinha. Piero Lugano, um artista, produtor e comerciante de vinhos em Chiavari, na Riviera Italiana, estoca seus vinhos no fundo do mar há vários anos (veja na foto que abre este post). Segundo ele "É melhor até mesmo do que na melhor adega subterrânea, especialmente para o vinho espumante. A temperatura é perfeita, não há luz, a água impede até mesmo um pouquinho de ar de entrar, e a contra-pressão constante mantém as bolhas de champanhe. Além disso, as correntes submarinas agem como um berço, balançando suavemente as garrafas e mantém as borras que se deslocam através do vinho. 
Do outro lado do oceano a Mira Winery, de Santa Helena, no Napa Valley, Estados Unidos, no começo de 2013 fez experiências envelhecendo garrafas de Cabernet Sauvignon em uma profundidade de 20 metros no Charleston Harbor, durante 3 meses. Dizem que o resultado foi ótimo.

Repouso com canções de ninar vinhos

Winesongs 59H 35 '03 "Wine & Canções vol. 1” é um vinho de Denominação de Origem (DO) Yecla, da Espanha, um dos mais originais da tradiciponal vinícola Bodegas Señorio de Barahonda.  A história dele é muito maluca: após o engarrafamento, os vinhos ficaram descansando em repouso no armazenamento ouvindo música variada durante 59 horas 35 minutos e 03 segundos. Entre os artistas no cardápio do funcionário estavam Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Franco Battiato, Fatoumata Diawara, Desfile, Dalila, Nike Drake, Enrique Morente e Célia Cruz – blues, jazz e música espanhola caliente. A embalagem procura parecer uma caixa de CDs, mas as garrafas são maiores. O fabricante jura que a música transferiu ao vinho uma personalidade e bom gosto de notas musicais. 
Acho que descansar os vinhos com música combina com o ambiente: a Bodega Señorio de Barahonda, está situada no nordeste da Murcia, na região do Altiplano, uma zona de transição entre a “meseta”  eo mediterrâneo, rodeada por um anel de montanhas baixas e serras mais altas – sem incomodações… Na foto acima, a Catedral de Murcia.

 Um vinho desesperado
Depois de um verão com muita chuva, a vinícola The Pawn Wine Company  da Austrália fez um grande esforço para conseguir uma edição limitada de seu vinho rosé. Este esforço, quase um desespero para o produtor, acabou gerando o nome "The Desperado"  que vem do jogo de xadrez: no xadrez, é chamado de "The Desperado" o peão colocado estrategicamente no tabuleiro que fica esperando o momento do ataque. Por tudo isso, o design do rótulo reflete o nome e a circunstância que trouxe este vinho para a vida. Não vai dar pra você ver, mas tem uma impressão de meio-tom que gera uma imagem dupla que muda o rótulo de "bom" e "ruim" quando a garrafa é inclinada, mostrando a dupla face deste pobre vinho Desesperado.
Laltre – de ponta cabeça

Às portas dos Pirinéus, abraçado pelas montanhas do norte vento "Sierra Larga", a meio caminho entre as regiões de Segrià e Noguera, estão os vinhedos da Vinícola Lagravera, na Denominação de Origem (D.O) Costers del Segre. Laltre é o vinho mais jovem que a Lagravera produz e seu nome (um trocadilho com a palavra “o outro”, em italiano) é uma brincadeira baseada em uma ilusão de ótica de que a imagem representa um homem idoso ou jovem, dependendo de como você está vendo – representa o outro. Segundo a vinícola, isto representa os valores combinados da juventude e frescor da uva com a experiência e a sabedoria dos métodos tradicionais adotados pela adega. É uma boa história prá contar já na primeira taça...

(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e gosta de mergulhar ... na leitura!



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