quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Saint-Émillion, Bordeaux: atrações subterrâneas, belezas medievais e delícias gastronômicas




Por Rogerio Ruschel (*)
Saint-Émilion é um pequeno e charmoso vilarejo francês fundado oficialmente no século VIII por Emilio/Émillion, um santo católico que deu seu nome ao povoado - e que está no brazão da cidade, veja abaixo. Fica a uns 35 Km da cidade de Bordeaux e é uma das principais denominações de vinhos da França; ao lado de Médoc, Graves e Pomerol, é uma das mais importantes referências quando se fala em vinho Bordeaux.

Além do terroir adequado (veja http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/07/um-agradavel-passeio-pelo-terroir-de.html) a experiência ajuda: registros indicam que os romanos já plantavam vinhas na região no século II e que vinho comercial é produzido aqui desde o século VIII. Sobrevivente da idade média e declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999, o vilarejo tem 2.700 moradores e vive do vinho e do turismo. Abaixo, fotos do prédio mais antigo da cidade que ainda é funcional, uma casa na Porte de La Cadene, de 1291, que exibe seu modo construtivo.

No vinho a relação habitante por vinícola é provavelmente a mais elevada do mundo: para cada três moradores existe uma adega, que nesta região se chama château, mesmo que não seja um castelo de verdade. E no turismo também apresenta números assombrosos, porque recebe milhões de visitantes por ano para curtir o casario, as vielas e o ambiente.

Cercando a cidade estão cerca de 900 produtores de vinhos que plantam 5.400 hectares com uvas tintas Merlot (60%), Cabernet Franc (30%) e Cabernet Sauvignon (10%) – e até alguma coisa de uvas brancas, mas não muito expressivo.

Além do vinho e do enoturismo, a cidade tem como atrações as casinhas amontoadas, subindo e descendo ladeiras e alguns prédios realmente interessantes, como catacumbas do século XII e uma Igreja Monolítica (foi construída ou escavada com um único bloco de pedra – veja abaixo)

Outra atração é um monastério onde estaria o corpo de Emilio/Émillion, o monge beneditino que fundou a cidade (veja abaixo). Segundo a lenda, o monge seria um caminhante que teria vindo para a região para morrer, mas acabou atraindo muitos visitantes e fiéis depois de construir um monastério. Todas estas atrações subterrâneas estão interligadas ou são muito próximas, de maneira que é muito prático e fácil passear pela cidade.

Passear pelas ruelas, subir e descer ladeiras gastas pelo tempo, tirar dezenas de fotos de paredes seculares, prédios, torres de igrejas, campanários, monastérios, muros romanos, entrar nas muitas lojinhas, livrarias e lojas de vinhos faz parte obrigatória do roteiro. 

No Centro de Informações bem localizado (ao lado do monastério, no centro da cidade) você consegue mapas, posteres, folhetos e outros materiais e fica sabendo de roteiros e cursos que vão enriquecer o passeio. Cursos de degustação de vinhos de 1 a 3 horas ajudam a aprender como degustar uma taça de vinho e identificar seus aromas. Informe-se também sobre um roteiro bastante popular que é um passeio de trenzinho pela região vinícola (veja abaixo), em torno da cidade, podendo parar em alguma cave para visita, degustação e compra de produtos – veja um post sobre isso em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/05/saint-emilion-visita-aos-subterraneos.html

Não se esqueça também de degustar alguns prazeres gastonômicos, além dos vinhos. Muitos deles estão em bons restaurantes com culinária francesa, que podem ser pequenos bistrôs em vielas e ladeiras, bares ligados a caves de vinhos ou restantrantes maiores, como o principal restaurante da cidade que fica em cima da igreja subterranea (veja foto abaixo).
 
Outro dos prazeres que você não deve perder é desfrutar de um dos doces mais típicos da França: os macarrons. Produzidos pelas freiras, que acabaram expulsas durante a Revolução Francesa, os macarrons da cidade tem o formato de um biscoito, com creme no meio, e macios por dentro, como um tipo de bolo - veja na foto abaixo. 

Vou encerrar com uma dica: vale a pena ir de carro alugado a Saint-Émillion. Eu estava em Bordeaux e como fica a apenas 35 Km, decidi testar meios de transporte para meus leitores: fui de ônibus e voltei de trem. Tudo muito bom e pontual como sempre, mas tem um pequeno detalhe: a estação de Saint-Émillion (veja abaixo) fica a pelo menos um km do vilarejo, não tem nada para fazer lá a não ser esperar o trem (que vai passar no horário anunciado, é claro), e é preciso encarar uma leve mas cansativa subida até o vilarejo (veja abaixo também). Além disso, de carro você pode curtir melhor a paisagem e parar onde quiser. 




(*) Rogerio Ruschel é jornalista e aprendeu a gostar de vinhos Bordeaux em Saint-Émillion.




4 comentários:

  1. Olá Rogério.
    Como sou apaixonada pela França, é marailhoso saber um pouco sobre estes vilarejos. Um dia vou realizar meu sonho e vou perguntar sobre tudo p/ vc. Parabéns por mostrar estas vinículas e sobre os costumes deste belo lugarejo.
    Um abrazo e obrigada.

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  2. Carmem, obrigado pela leitura. A França, como outros paises europeus, deve ser descoberta aos pouquinhos, revelando cada segredo para o viagante. Se precisar de dicas, me procure. Abs, Rogerio

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  3. Fantástica matéria!! Quero ir correndo para Bordeaux!

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  4. Sueli, dito por você, que já deve conhecer grande parte das mais importantes regiões vinícolas do mundo, fiquei com mais vontade de voltar a Bordeaux e Saint-Emillion.
    Obrigado pelo elogio e muito grato pelo prestigio da leitura.
    Abs
    Rogerio

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