segunda-feira, 8 de novembro de 2021

22 CEOs distribuem carta aberta aos empresários do vinho sobre o papel na Cop-26

 

Por Rogerio Ruschel

 

Prezado leitor ou leitora, há vários anos In Vino Viajas tem acompanhado e noticiado iniciativas sobre os impactos do aquecimento global e iniciativas para reduzi-lo, até mesmo porque eu, Rogerio Ruschel, como editor, sou ambientalista pró-ativo há mais de 30 anos. Mas infelizmente este assunto tem tido muito pouca atenção do empresariado brasileiro da vitivinicultura. Por exemplo, In Vino Viajs é a única organização brasileira associada ao The Porto Protocol, movimento europeu com sede em Portugal, e recentemente fiz uma palestra especificamente sobre o tema no evento “Greenfest” - o maior evento sobre sustentabilidade corporativa de Portugal.

 

Conheça Porto Protocol aqui: https://www.invinoviajas.com/2019/02/the-porto-protocol/

Veja minha palestra aqui: https://invinoviajas.blogspot.com/2021/11/sustentabilidade-na-industria.html

Meus artigos aqui: https://www.invinoviajas.com/?s=sustentabilidade

 

Neste ambiente de debate público dentro e fora dos salões da COP-26 - a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 – um pequeno grupo de empresários do setor vitivnícola propõe uma reflexão sobre os como contribuir para diminuir os impactos das mudanças climáticas na biosfera e no futuro da humanidade. Estes empresários se reúnem na International Wineries for Climate Action, um grupo de trabalho colaborativo e sem fins lucrativos criado dentro do Meridian Institute (Washington, USA) exatamente para promover acões sobre o tema.

 

Pois os vinte e dois CEOs da International Wineries for Climate Action instam os empreendedores do vinho de todo mundo a unir forças para descarbonizar o setor do vinho e começar a trabalhar para atingir zero emissões de carbono até 2050. Se o Brasil pretende participar do mundo do vinho em termos globais, precisa ser global também nisso. Veja a seguir.

 

“Caros CEOs do setor vitivinícola.

 

A emergência climática é de longe a ameaça mais séria que enfrentamos como viticultores e produtores de vinho. Enquanto os líderes mundiais se reúnem este mês na COP26, realizada na Escócia para reafirmar seu apoio aos compromissos assumidos no Acordo do Clima de Paris de 2015 para limitar o aquecimento global, reconhecemos que agora é um momento crucial para nos expressarmos, em nome do comunidade do vinho, nosso apoio para continuar esses esforços importantes e agir dentro de nossas próprias empresas.

 

Sem uma redução decisiva e rápida das emissões, o nosso futuro será alterado para níveis difíceis de imaginar, com consequências devastadoras para as nossas amadas regiões vitivinícolas e os vinhos que produzimos para as pessoas em todo o mundo. Embora a magnitude deste desafio exija uma ação global em enorme escala, acreditamos que o setor vitivinícola desempenha um papel fundamental nos esforços de descarbonização que definirão a próxima década.

 

Por muito tempo, a sustentabilidade foi tratada como um exercício de comunicação ou relações públicas. Para responder aos desafios ambientais que enfrentamos, precisamos trazer a sustentabilidade para o centro de nossas operações.

 

A forma como respondemos à crise climática pode funcionar como um motor de mudanças transformadoras e como uma forma de nos prepararmos para o futuro não só dos nossos negócios, mas também do setor agrícola como um todo. Em outras palavras, esta deve ser nossa década de ação.

 

Cada uma de nossas vinícolas se juntou a International Wineries for Climate Action (IWCA) porque acreditamos que ela estabeleceu o protocolo correto sobre como uma vinícola deve medir e reduzir sua pegada de carbono, bem como unificar nossa voz para que a ação possa ser promovida. em toda a cadeia de abastecimento de vinho e uma rede de apoio para compartilhar as melhores práticas. Como o não medido não pode ser gerenciado de forma eficaz, a abordagem da IWCA envolve 1) a realização de um inventário de emissões de carbono, do início ao fim, cobrindo as fontes de emissões diretas e indiretas, verificadas por um auditor independente credenciado pela ISO, e 2) o compromisso de realizar um plano de redução de emissões e demonstrando um progresso constante, em linha com as metas científicas, a fim de atingir zero emissões até 2050, o mais tardar.

 

Um dos objetivos básicos da IWCA é desenvolver uma metodologia padronizada para as vinícolas calcularem as emissões anuais de gases de efeito estufa. Este é um passo fundamental para garantir que as pequenas vinícolas, que estão começando a medir sua pegada de carbono, possam se comprometer a fazê-lo sem ter que arcar com custos proibitivos ou grandes necessidades de recursos.

 

O IWCA desenvolveu uma calculadora de gases de efeito estufa para vinícolas dos Estados Unidos, de acordo com o GHG Protocol do World Resources Institute e o padrão ISO-14064. Está prevista a implementação de atualizações regionais na ferramenta para expandir sua acessibilidade. Estamos muito orgulhosos de que a IWCA tenha aderido à campanha Race to Zero, uma iniciativa global para reunir a liderança e o apoio de mais de 6.200 atores não governamentais que estão comprometidos em reduzir as emissões pela metade até 2030 e atingir as emissões zero. o mais recente.

 

Coletivamente, esses atores da 'economia real' compreendem 120 países, sendo responsáveis ​​por quase 25% das emissões globais de CO2 e mais de 50% do PIB global. IWCA foi o primeiro membro do Race to Zero a representar o setor agrícola. Você pode ler mais sobre nossos esforços em nosso primeiro relatório anual aqui. (https://www.iwcawine.org/post/iwca-releases-inaugural-annual-report )

 

Enfrentamos o imperativo inevitável de que a liderança empresarial de hoje é inseparável da liderança climática. Acreditamos que cada um de nós tem a obrigação de fazer o que estiver ao nosso alcance para reduzir nossas emissões em nossa área de influência. Acreditamos que o setor vitivinícola pode se tornar um modelo de esperança e ação na resposta global à crise climática. E acreditamos firmemente que ser membro da IWCA é a maneira mais eficaz de acelerar os esforços individuais de descarbonização de vinícolas e, por extensão, a descarbonização do setor vitivinícola como um todo.

 

Nós encorajamos você a se juntar a nós. Sinceramente, • Amy Prosenjak - Diretora-gerente, A para Z Wineworks • Pedro Ruiz Aragoneses - Diretor Gerente, Alma Carraovejas • Mike Jaeger - Presidente e CEO, Cakebread Cellars • Aymeric de Gironde - Diretor Administrativo, Château Troplong Mondot • Sam Glaetzer - vice-presidente sênior de operações globais e vendas internacionais, marcas da Constellation • Jen Locke - Diretora Administrativa, Crimson Wine Group Ltd. • Vanya Cullen - CEO e proprietária, Cullen Wines • Sr. Carlos Moro - Presidente, Emina Ribera • Miguel A. Torres - Presidente e 4ª Geração, Família Torres • Mayacamas S. Olds - Diretor Executivo, Vinícola Gloria Ferrer • Rafael De Haan - Proprietário, Herència Altés • Suzanne Hunt - Coproprietária, Hunt Country Vineyards • Katie Jackson - vice-presidente sênior de Responsabilidade Social Corporativa e proprietária de 2ª geração, Jackson Family Wines • Julie Rothberg - Presidente, Medlock Ames • David J. Amadia - Presidente, Ridge Vineyards • David R. Duncan - Proprietário e Diretor Executivo, Silver Oak e Twomey Cellars • Beth Novak Milliken - Presidente e CEO, Spottswoode Estate Vineyard and Winery • Rajeev Samant - Diretor Administrativo, Sula Vineyards • Rupert Symington - Diretor Administrativo, Symington Family Estates • Barbara Wolff - Diretora de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade, VSPT Wine Group • Nick Waterman - Diretor Administrativo, Yalumba Family Winemakers • Tiffani Graydon - Diretor Administrativo, Yealands Wine Group

Sustentabilidade na indústria vitiviníola: uma palestra internacional

  

Por Rogerio Ruschel

Meu querido leitor ou leitora, o GREENFEST é o maior movimento de sustentabilidade de Portugal e em 2021 foi realizado com ações presenciais e online em Carcavelos, Portugal, entre os dias 17 e 19 de setembro, com o tema Ecologia, Economia e Saúde, e fui convidado para fazer uma palestra sobre o tema.

Pesquiso e trabalho há mais de 35 anos com o tema da sustentabilidade corporativa como um consultor especializado, e nos últimos 10 anos tenho escrito sobre os impactos na vitivinicultura. Infelizmente este assunto tem tido muito pouca atenção do empresariado brasileiro da vitivinicultura. Um exemplo: In Vino Viajs é a única organização brasileira associada ao The Porto Protocol e recentemente fiz uma palestra no evento “Greenfest”  - o maior evento sobre sustentabilidade corporativa de Portugal - especificamente sobre o tema.

Em setembro deste ano fui convidado para contribuir com uma palestra online sobre iniciativas corporativas de sustentabilidade de pequenas empresas, de empreendedores e de pequenas indústrias. Um dos setores de grande relevância na Europa para os três setores da economia - agricultura, industrialização e serviços (comércio e turismo) - é a vitivinicultura, que tem 80% da geração de negócios baseado em pequenas e médias empresas – na verdade, na agicultura familiar.

E estes produtores que não produzem seu próprio vinho, vendem suas uvas e vinhos para as grandes empresas. A vinicultura tem mais importância econômica e cultural na Europa do que no Brasil e por esta razão, uma série de aprendizados  e experiências de  organizações européias podem ajudar esta industria no Brasil.

Por isso escolhi este tema: como as boas práticas de Portugal podem ser compartilhadas com brasileiros para gerar conhecimento e incentivar negócios mais sustentáveis na vitivinicutura. Solicite cópia em PDF ou html

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Reflexões com a taça cheia: qual a origem do vinho e quem o inventou?

 

Por Rogerio Ruschel

 

Meu caro leitor ou leitora, aqui está uma boa reflexão para ser feita com uma taça de bom vinho nas mãos e um amigo ao alcance do diálogo: afinal, quem foi que criou o vinho, onde e quando?

Pesquisas arqueológicas e documentos ancestrais comprovam que o vinho é de fato um dos produtos mais antigos dos seres humanos. Veja algumas destas pesquisas e as possibiidades.

 

1)    Muitas pessoas – e a Organização Mundial do Turismo (OMT) também - creditam o nascimento do vinho a uma civilizacão estabelecida há 9.000 anos atrás na atual Georgia, um pequeno país da Europa Oriental que se tornou independente da ex-União Soviética em 1991. Lea foi realizado em 2016, o primeiro evento internacional sobre Enoturismo pela Organização Mundial do Turismo (OMT)

 

2)    Já pensadores cristãos se baseiam no antigo testamento da Biblia Sagrada para acreditar que foi Noé quem plantou o primeiro vinhedo e com ele produziu o primeiro vinho do mundo, há 4.000 anos. Lembro que Noé foi o construtor da Arca e também aparece na Bilbia Sagrada embriagado.

 

3)    Outros arqueólogos garantem que há indícios de que o vinho exista há mais de 7.000 anos, e sua origem mais provável seja no Oriente Médio, na região onde hoje se localizam Síria, Líbano e Jordânia.

 

4)    Os gregos acreditam que o vinho foi um presente de deuses muito antigos, em tempos imemoriais. Aliás, os gregos sempre creditaram tudo aos deuses e bebiam com eles, os espertos…

 

5)    Autoridades israelenses apresentaram recentemente vestígios de um enorme complexo de produção de vinho da época bizantina, com 1.500 anos, em escavações em Yavne, uma cidade do sul de Israel, perto da Faixa de Gaza, que seria uma fábrica com uma produção anual de 2 milhões de litros. A palavra “Yayin”, que em hebraico significa “vinho”, aparece 141 vezes no Antigo Testamento, e cientistas israelenses da Universidade de Ariel, na Cisjordânia, estão tentando recriar o vinho da época de Jesus Cristo, dcom pelo menos 2.500 anos.

Pois agora temos mais um candidatos ao título: pelo que arqueólogos italianos e iranianos informaram este semana, o atual Iraque (tido como o berço das civilizações da Suméria, Acádia, Babilônia e Assíria, inventores dos primeiros tipos de escrita e das primeiras cidades sedentárias) – deve ter sido o local onde foram inventados processos industriais de produção de vinho. O Iraque é o nome atual de parte da Mesopotâmia, região entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio.

 

A descoberta de uma prensa para uvas de grande porte no Iraque, datada da época dos reis assírios Sargão II e seu filho Senaqueribe, 2.700 anos atrás, perto do sítio arqueológico de Khini, representa "uma oficina de vinho de tamanho industrial" construída no século 7 aC, segundo um dos arqueólogos. "Encontramos 14 prensas de vinho usadas para espremer uvas e extrair seu líquido e depois transformá-lo em vinho", disse o pesquisador, acrescentando ser a primeira descoberta desse tipo no Iraque. 

No sítio arqueológico de Faida, no norte, também encontraram um canal de irrigação com nove quilômetros de extensão e nas paredes do canal, descobriram "doze baixos-relevos monumentais", de finais do século VIII aC ou início do século VII, com cinco metros de largura e dois de altura.

Como não tenho certeza sobre queminventou o vinho,  faço um brinde à tenacidade dos georgianos, assirios, acadianos, gregos, iraquianos, israelenses, hebreus, mesopotâmicos e demais produtores e bebedores de vinhos de qualquer lugar do planeta, em qualquer época: saúde!!!