segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Turismo pós-pandemia vai ressurgir valorizando a cultura, os patrimônios territoriais e os valores da comunidade

 

Por Rogerio Ruschel (*)

 

Meu prezado leitor ou leitora, como recuperar a indústria do turismo abalada pelo Conjvid-19? Com cautela e inteligência - e apostando nos patrimônios da sua comunidade e do seu território.  Veja porque. Em janeiro de 2017 publiquei um post com o titulo “Porque a cultura popular brasileira, tão rica no folclore, música, artes, literatura e culinária, continua invisível no turismo? “. Creio que a questão foi bem entendida pelos (cultos) leitores de “In Vino Viajas”, porque entre as 560 reportagens do blogue publicadas em 8 anos (que já tiveram 5,7 milhões de acessos no total) esta é a sétima matéria com mais leitores (51.130 acessos!), e a mais acessada entre as que abordam específicamente temas brasileiros. Chamo de matéria e não de post, porque sou jornalista e escrevo reportagens e não notinhas internéticas. (Apenas para comparar, a matéria mais acessada de todas as 560, sobre vinho francês, publicada em 2014, já tem 148 mil acessos.)

Nesta matéria de 2017 já mostrava como nosso turismo continua amador porque copia modelos extenuados, porque não é percebido como atividade econômica estratégica para o país e também porque o raciocinio de marketing dos veteranos “operadores” continua o mesmo dos anos 1960.

 

Estes e outros problemas estão na raiz do porque continuamos apostando em atrações que não exigem investimento ou alta qualificação – como “sol & praia”, principal tipo de turismo no Brasil, que para ser “turismo” basta ter praia, toalha, paquera e vendedor de cerveja; bem como porque nossa capacidade de atrair turistas estrangeiras é hilária e a cada ano fica ainda mais ridícula, como o quadro abaixo, publicado no site MktDestinos, de Jeanine Pires demonstra claramente. Aliás, a queda de 2020 foi pior ainda do que se projetava…

 Já em 2017 eu dizia e repito agora: certamente poderíamos melhorar nossa atratividade turística se valorizássemos coisas exclusivas dos municípios e do país – os patrimônios da comunidade e do território - que poderiam nos ajudar a competir com outros destinos. Por exemplo, um patrimônio cultural exclusivo: nossa rica cultura popular relacionada a um de nossos maiores patrimônios naturais, a água.

 

Quem acompanha “in vino viajas” sabe que há vários anos venho repetindo este mantra: vamos valorizar nossos patrimônios culturais e territoriais para ter um turismo que agregue valor, atraia pessoas seletivamente e distribua benefícios para toda a comunidade, além de hoteleiros e restaurantes. Em 2018 a Editora Senac publicou um livro de minha autoria sobre isso: “O valor global do produto local”, https://www.essentialidea.com.br/produto/o-valor-global-do-produto-local/ o primeiro do Brasil a abordar a utilização da identidade territorial como estratégia de marketing. O livro – que está disponivel no mercado, veja a capa abaixo – foi um amadurecimento de ideias anteriores que eu já vinha apresentando no Brasil e no exterior.

Um exemplo: sugeri exatamente isso em um evento internacional em dezembro de 2016 na cidade de Porto, Portugal, no evento “1st International Forum on Tourism and Heritage - Water, Heritage and Sustainable Tourism – IFTH-16” organizado pela Universidade Portucalense – UPT. Fiz uma palestra sobre: “A Amazônia Azul – A influência do patrimônio tangível e intangível dos recursos hídricos do Brasil na construção da identidade social e cultural dos brasileiros e seu aproveitamento turístico”.

Pesquisei fontes como Câmara Cascudo, Darcy Ribeiro, Silvio Romero e o Plano Nacional de Turismo 2013/2016 da Embratur para identificar os mitos e lendas da Amazônia Azul trazidos pelas três etnias fundamentais da nação brasileira (índios, portugueses e negros) na cultura brasileira de maneira geral e particularmente no folclore, música, danças populares, poesia, artes, literatura, culinária e construção naval. Na sequência avaliei como estas várias dimensões do patrimônio cultural derivado das águas no Brasil são percebidas, reconhecidas e utilizadas turísticamente pelos brasileiros. 

 

Infelizmente comprovei o que já suspeitava: nossa cultura popular é riquíssima, mas muito pouco valorizada e explorada turísticamente. Temos dezenas de lendas ligadas às aguas como a lenda da Boitatá, da Cobra-Grande, da Iara ou mãe-d'água e da Vitória-régia, mas elas raramente se transformam em temas de um produto turístico. O Brasil tem uma construção naval muito rica: Amyr Klink demonstrou que nossa arquitetura naval popular reúne tradições ibéricas, mediterrânicas, norte-européias, africanas, asiáticas e americanas.

Na literatura, poesia e música nossos rios e mar trouxeram danças folclóricas como o frevo e fandangos no litoral e a maior contribuição da cultural popular na música, o samba. Pois é: o samba nasceu no cais do porto do Rio de Janeiro, o Valongo, hoje local do Sambódromo de Oscar Niemeyer. Mas nosso patrimônio cultural baseado nas águas vai longe: na música e na poesia inspirou talentos reconhecidos mundialmente como Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, João Marcelo Bôscoli, Tim Maia, Jorge Amado, Tom Jobim, Di Cavalcanti, Oswaldo Goeldi, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e muitos outros. Mas infelizmente poucos eventos de fato valorizam isso turísticamente com qualidade internacional.

Realizamos centenas de eventos regonais e locais relacionados à água em todo o país - como as procissões marítimas de alma portuguesa de Nossa Senhora dos Navegantes e São Pedro, e as africanas Festas de Iemanjá. Mas temos poucos produtos turísticos de padrão internacional com foco na cultura popular. Entre estes destaco o Carnaval (que pode abordar temas relacionado à água), o Círio de Nazaré e as Festas de São João. Mas apenas um grande evento valoriza os mitos e lendas do reino das águas no Brasil em padrão global e de maneira permanente: o Festival Folclórico de Parintins, realizado no final de junho no coração da floresta amazônica. 

 


 

Pois é, meu caro leitor ou leitora, o que só nós temos, uma cultura popular forte, distinta, diversa e encantadora permanece invisível no turismo brasileiro e não é utilizada de maneira formal e planejada como atração turística, tanto para brasileiros quanto para estrangeiros. Veja a riqueza dos produtos com identidade territorial no quadro acima do meu livro.

Poderíamos transformar nossa cultura popular exclusive em roteiros turísticos temáticos; parques temáticos – ao lado de oceanários e parques de lazer; festas regionais com maior valorização e conteúdo; concursos e festivais gastronômicos; competições náuticas temáticas; museus especializados; concursos literários tematizados e festivais de música folclórica. Com qualidade e foco no mercado de turistas que por causa da pandemia vão viajar menos, de maneira mais cautelosa e com muita, mas muita atenção ao seu rico dinheirinho.

OK, pode ser que você não seja gestor do turismo do Brasil e não pode fazer nada a respeito disso. Mas você com certeza mora em algum lugar e sabe que a sua comunidade seria valorizada se tivesse turismo de qualidade e organizado. Então já sabe: aposte na valorização dos patrimônios da sua comunidade e do seu território, porque eles agregam diferencial de valor, que aumenta o lucro.

 

Quer saber mais? Leia meu livro em https://www.essentialidea.com.br/produto/o-valor-global-do-produto-local/

WebCanal Tesouros no Fundo do Quintal: https://www.youtube.com/channel/UCc4c2FU6Z88_XU_2I2lFbmA

 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Origens Brasil: uma rede de negócios sustentáveis na Amazonia, uma nova economia para uma nova era

 

Por Rogerio Ruschel

EXCLUSIVO – Entrevista com Luiz Brasi Filho, coordenador de mercado da Rede Origens Brasil.

Estimado leitor ou leitora, recentemente um grupo de grandes empresas brasileiras e estrangeiras solicitou ao governo brasileiro providências para conter o desmatamento. Segundo sua mensagem, é estratégico compreender a importância do uso sustentável dos recursos naturais do país, porque “Em nenhum momento da história o futuro da humanidade e do planeta dependeu tanto da nossa capacidade de entendimento de que vivemos em um único planeta e de que a nossa sobrevivência está diretamente ligada à preservação e valorização dos seus recursos naturais.” Estas empresas estão certas e nós sabemos que o Brasil tem vantagens competitivas para liderar uma retomada econônica (mais) sustentável; o que precisamos é de modelos, incentivos e fiscalização – além de vontade, é claro.

Pois um excelente modelo de muito sucesso é o programa Origens Brasil, uma rede surgida em 2016 que promove negócios sustentáveis na Amazônia em áreas prioritárias de conservação gerando produtos com garantia de origem, transparência, rastreabilidade da cadeia produtiva e comércio ético.

A rede trabalha na ponta do B2B, isto é, estrutura parcerias com empresas que compram matérias-primas para seus produtos (por exemplo, insumos para a produção de essências ou óleos para refinar) ou produtos prontos (castanhas, pimentas) que serão preparados e embalados para comercialização. E são estas empresas  (como Firmenich, Havaianas, Caras do Brasil, Manioca, Natura, Osklen, Wikbold) que fazem a parte de B2C do negócio, chegando ao consumidor final por seus próprios canais. Aliás, as empresas se comprometem de fato porque também participam da governança da rede, através de um Conselho Gestor que oferece diretrizes de longo prazo para o programa.

O programa vem sendo realizado desde 2008 e os resultados mostram duas coisas muito importantes: 1) que é possivel e lucrativo desenvolver sem destruir áreas florestais e 2) que produtos locais, com identidade e origem, tem grande potencial de se diferenciar no mercado, e com isso agregar valor a quem o produziu e ao território no qual foi produzido. O foco tem sido o mercado nacional, porque, segundo Luiz Brasi Filho, os brasileiros precisam conhecer os produtos e recursos da Amazônia, como consumidores e como patriotas.

Desenvolvimento sustentável

Sabemos que a exploração sustentável dos recursos da floresta amazônica pode ser uma das protagonistas da retomada econômica “verde” do Brasil neste periodo pós-pandemia – e que consumidores qualificados dão valor a isso. E sabemos também que a diferenciação de um produto por sua origem e identidade é muito valiosa em marketing, como argumentam Philip Kotler (o “papa” do marketing mundial) e John Quelch (ex-reitor da Universidade de Harvard) e eu demonstro no meu livro “O valor global do produto local – A identidade territorial como estratégia de marketing”, da editora Senac. 

Por isso, mais do que nome de uma rede de negócios sustentáveis, Origens Brasil é também um selo de identificação dos produtos resultantes do trabalho da rede, para informar ao mercado que aquele produto foi feito com matérias-primas locais, de maneira sustentável e oferece benefícios de comércio justo. O selo, colocado como um QR Code nos produtos (castanhas, farinhas, cogumelos, pimentas, óleos, mel, remédios, borracha, artesanato e outros), ao ser lido com o telefone celular oferece rastreabilidade, certifica a origem e conta histórias – histórias sobre o produto, o território, sobre os produtores e a cultura que envelopa o produto. De verdade, porque todos os produtos têm fichas que valorizam o produtor (inclusive com foto) e oferecem dados de localização, território e cultura; o mesmo ocorre com as 27 empresas participantes. Veja no site http://origensbrasil.org.br/produtos .Você pode visitar também os espaços no Youtube, Facebook e Instagram.

Concebido pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) e pelo ISA (Instituto Socioambiental) com apoio financeiro do Fundo Vale, a rede Origens do Brasil permite que povos tradicionais da Amazônia participem de cadeias produtivas da sociobiodiversidade, transmitam seus valores e escoem seus produtos de quatro territórios: Xingu, Calha Norte, Rio Negro e Solimões. Em 2018 o programa conquistou mais um destaque: o Prêmio Internacional de Inovação para a Alimentação e Agricultura Sustentáveis da ONU - Organizações das Nações Unidas.

Origens Brasil reúne 27 empresas, 45 instituições, 1879 produtores, 40 etnias indígenas, quilombolas e extrativistas e contabiliza R$ 8,2 milhões transacionados. 

Entrevistei Luiz Brasi Filho, coordenador de mercado da rede para que os leitores de “In Vino Viajas” e do WebCanal Tesouros no Fundo do Quintal conheçam um pouco mais sobre a Origens Brasil. Leia a seguir.

Rogerio Ruschel  - Como fazer o “casamento” do Origens Brasil com a iniciativa recente de um grupo de empresas que solicitou ao governo brasileiro providências para o fim do desmatamento? 

Luiz Brasi Filho - Nós nos posicionamos como uma rede, que visa mudar a lógica de se fazer negócios na Amazônia Brasileira. Dessa forma, acreditamos que a formação de novas redes e posicionamentos públicos de grandes empresas são importantes engrenagens para fortalecermos a economia da floresta em pé e dar visibilidade para os povos que vivem nela e dela. Além disso, buscamos mostrar que a melhor forma de conservação das nossas florestas é dar uma destinação econômica às florestas por meio do uso racional dos produtos da sociobiodiversidade. E que conservação e produção podem e devem caminhar juntas.

Rogerio Ruschel - Como os verdadeiros protagonistas – os trabalhadores – são capacitados para “pensar em mercado”, isto é, para entender o que acontece com o seu trabalho e seu produto? Existe algum tipo formal de capacitação?

Luiz Brasi Filho - Atuamos dentro de áreas protegidas, ou seja, Unidades de Conservação e terras indígenas. Dessa forma, os grupos com que atuamos em rede são povos indígenas e populações tradicionais. E toda sensibilização e engajamento (e também capacitações no âmbito do Origens Brasil) é realizado em conjunto com as Instituições de apoio locais que atuam com essas populações e são reconhecidas por eles. As relações com o mercado são em geral facilitadas pelos técnicos e técnicas dessas instituições em um processo de inclusão dessas populações, para que aos poucos passem a realizar a negociação direta sem o intermédio das instituições. É um processo gradual e de acompanhamento, no qual os protagonistas nas negociações são as populações, mas com apoio técnico.

Rogerio Ruschel - Com vários produtos com o Selo de Identidade “Origens Brasil”, não seria recomendável buscar uma certificação formal do território, através de uma Identidade Geográfica, IP ou DO? 

Luiz Brasi Filho - O Origens é uma rede que conecta empresas a cadeias produtivas sustentáveis em áreas prioritárias de conservação na Amazônia, gerando valor para a floresta em pé e para os povos que vivem dela. Viabiliza negócios em prol da floresta em pé com garantia de origem, rastreabilidade, transparência e promovendo comércio ético. Vamos além de uma certificação de origem e nossa solução foi co-criada com comunidades, empresas e instituições de apoio. Vimos que uma única ferramenta não seria suficiente, ou não estavam bem adequadas para encarar os desafios locais na Amazônia e para a realidade das comunidades. Com isso, desenvolvemos um novo caminho para geração de valor compartilhado, no qual o nosso selo é o conector entre quem produz na floresta com quem compra na cidade, criando uma nova conexão com a origem do produto.  

Rogerio Ruschel  - Como outras atividades colaterais às atividades produtivas – como turismo e indústrias criativas de base local – estão inseridas no programa?

Luiz Brasi Filho - O turismo hoje não é acompanhado por meio da rede, mas nas áreas de atuação há vários projetos de turismo de base comunitária e que são boas estratégias de geração de renda e conexão da cidade com a floresta. De toda forma nesse período de pandemia essa agenda está complicada, bem como no início do próximo ano. As indústrias criativas de base local podem ser um excelente caminho para aumentar a geração de renda, o empoderamento das comunidades, bem como trazer inovação e agregação de valor ao produto na própria região, fomentando um desenvolvimento local.

Rogerio Ruschel - Quais as projeções do Origens Brasil para o biênio 2021/2022, tidos como os anos críticos do pós-pandemia? 

Luiz Brasi Filho - Vamos fortalecer a nossa estratégia para cadeias de alto impacto para as comunidades, como castanha, borracha e pirarucu. Ademais, estamos estudando meios de organizar treinamentos online, com a linguagem adequada, além de investir na ativação da nossa rede, e promovendo mais encontros virtuais de negociação e discussões técnicas.

A imagem abaixo é uma página da Cartilha “Conhecendo o Selo Origens Brasil” no idioma Kayapó. É utilizada para ampliar o programa. A tradução está abaixo.

"As pessoas que vivem nacidade e compram os produtos que vêm da floresta, muitas vezes não conhecem a história desses produtos. Não sabem quem colheu e onde essas pessoas moram. Não sabem se aquele produto ajuda, ou não, a conservar a floresta e qual a relação dessa floresta com seu bem-viver na cidade. Conhecer essas histórias e entender essas relações ajuda a valorizar os produtos, aumenta a consciência de consumo e remunera melhor as populações tradicionais e os povos indígenas que vivem na floresta. Por isso foi criado o o selo Origens Brasil, apresentado a seguir nesta cartilha."

Créditos: apoio: Marcia Soares, Fundo Vale; Jessica Trabuli e Israel Lippe, Profile Relações Públicas. Fotos: acervo Imaflora – Luiz Cunha e Alyana Lemos

Saiba mais aqui: http://origensbrasil.org.br/

Terra Indígena Andirá-Marau é a primeira Indicação Geográfica para povos indígenas do Brasil - http://www.invinoviajas.com/2020/12/warana/

Embrapa e Sebrae valorizam produtos agroalimentares de territórios brasileiros - http://www.invinoviajas.com/2020/10/evento-internacional/

Por que o maior varejista da América Latina anuncia um pequeno vidrinho de pimenta produzida por índias Baniwa da Amazônia? - http://www.invinoviajas.com/2020/05/indias-baniwa-da-amazonia/

 

sábado, 2 de janeiro de 2021

Espanha anuncia faturamento de 23,7 bilhões de euros com a indústria do vinho em 2019

 

Por Rogerio Ruschel

 

Prezado amigo ou amiga, em novembro passado, a Interprofisional del Vino de Espana – OIVE (a entidade representativa das cadeias produtivas do vinho espanhol, tanto na produção quanto na comercialização) divulgou um relatório sobre “A importância económica e social del setor vitivinícola na Espanha”. Os números são espantosos – como um VAB (Valor Acrescentado Bruto) de 23,7 bilhões de euros. Mas talvez a grande conclusão seja essa: a cada Euro investido ou movimentado pelo setor vitivinícola, a economía espanhola gera mais 1,75 euros de valor acrescentado direto e indireto.  E como se sabe, em qualquer lugar civilizado do mundo o vinho agrega valor imediato à gastronomia, ao turismo e à cultura e às suas enromes cadeias produtivas.

 

O estudo espanhol é muito rico e detalhado sobre vários aspectos de interesse de produtores com pretensão global - e sei que profissionais assim no Brasil são leitores de In Vino Viajas. Muitos destes dados sobre o nosso país nunca estão disponíveis – e quando estão, não se tem muita certeza sobre eles. O Ibravin – Instituto Brasileiro do Vinho, que durante 21 anos recebeu recursos para fazer este papel, neste período não deixou nenhuma contribuição fundamental para o setor em termos nacionais, e em outubro de 2019 foi melancólicamente extinto com uma duzia de suspeitas e processos de malversação de recursos públicos. Desculpe, leitor, apenas me lembrei quando li este estudo espanhol...

Veja um resumo da atividade da vitivinicultura na Espanha em 2019:

  • 938.000 has. de vinhedos
  • 8.000 empresas – das quais 4.000 são produtores de vinho
  • 546.000 viticultores, sendo 220.365 na Galicia e 388 em Asturias
  • 90 Denominações de Origen vitivinícolas
  • 41 Indicações Geográficas vitivinícolas
  • 1,5% PIB espanhol
  • 23,7 bilhões de euros (diretos e indiretos)
  • 20,1 milhões de hectolitos exportados em 2018  

A pesquisa, realizada por uma empresa de consultoria Analistas Financieros Internacionales (AFI), revela volumes e valores de produção por região, o papel da vitivinicultura ecológica no país, a relação entre vitivinicultura e produção agricola por região, fluxos de comercialização e distribuição, movimento de investimentos no setor, evolução do consumo, números do turismo setorial e outros dados muito interessantes. Veja a seguir as conclusões do estudo, e no fim do artigo, o link para acessar todo o conteúdo (64 páginas).

 

·       La importancia económica de la cadena de valor del sector vitivinícola se constata en una aportación total en términos de Valor Añadido Bruto (VAB) estimada en más de 23.700 millones de euros, es decir, el 2,2% del VAB español. Además, contribuye a la generación o mantenimiento de más de 427.700 puestos de trabajo equivalentes a tiempo completo, de forma directa, indirecta e inducida. Y su aportación directa a las arcas públicas, en concepto de impuestos y cotizaciones sociales, supera los 3.800 millones de euros anuales.

 

·       Por cada euro de demanda final en el sector vitivinícola, la economía genera 1,75 euros de valor añadido directo e indirecto y algo más de 2 euros si se considera el efecto inducido.

 

·       La contribución económica del sector vitivinícola se distribuye a lo largo de toda la geografía española. En todas las Comunidades Autónomas hay presencia de viñedo y producción de vino, además de una nutrida red de distribución y comercialización del mismo. Así, por ejemplo, el peso de la viticultura alcanza el 1,4% del VAB de la economía castellano-manchega y el 0,7% de la riojana. En este último caso, el de La Rioja, la elaboración de vino contribuye con otro 3,9% al VAB regional.

 

·       Las adecuadas condiciones que ofrece el territorio español para el cultivo de la vid, así como la amplia tradición y conocimiento existentes en nuestro país en la elaboración del vino, redundan en un destacado posicionamiento internacional. Así, España ocupa una posición de liderazgo mundial en cuanto a superficie de viñedo y volumen de exportaciones de vino (tercer puesto en valor exportado, en 2019), además de ser el tercer mayor productor global de vino.

 

·       La contribución del sector vitivinícola a la internacionalización y proyección internacional de la economía española viene respaldada, entre otros, por un consolidado superávit comercial y tejido exportador, así como por la presencia de los productos vitivinícolas de origen español en cerca de 190 países. Además, el buen hacer de las bodegas españolas es reconocido con la recepción de galardones en los principales certámenes internacionales. No obstante, uno de los retos pasa por “sofisticar” esa presencia, con una mayor penetración en los segmentos premium, que atestigüe la calidad de los vinos producidos en España.

 

·       La importancia económica del sector vitivinícola traspasa la propia actividad, ya que existe una gran diversidad de operadores y sectores que tienen al vitivinícola como aliado y fuente de negocio. Entre ellos se incluyen las actividades suministradoras: industria de la madera, del vidrio, del corcho, y un largo etcétera; así como otras “Importancia económica y social del sector vitivinícola en España”

 

·       La importancia económica del sector vitivinícola traspasa la propia actividad, ya que existe una gran diversidad de operadores y sectores que tienen al vitivinícola como aliado y fuente de negocio. Entre ellos se incluyen las actividades suministradoras: industria de la madera, del vidrio, del corcho, y un largo etcétera; así como otras

 

·       Tanto la viticultura como la elaboración de vino (localización de las bodegas próxima a los viñedos) mantienen una fuerte vinculación con el territorio, siendo fuente de actividad e ingresos para muchos jóvenes y hogares españoles del medio rural (en julio de 2019 se contabilizaban unos 561.000 viticultores). Su aportación en términos de fijación de población al entorno rural también estaría contribuyendo a hacer frente a un importante reto para España como es el demográfico y, en particular, el despoblamiento territorial

 

·       La notable incidencia de los efectos del cambio climático sobre el sector vitivinícola lo hacen propulsor de soluciones innovadoras para mitigar dichos efectos y velar por el cuidado de los ecosistemas naturales, además de contribuir a la consecución de otros objetivos de sostenibilidad medioambiental.

 

·       El vino es un ingrediente de la esencia cultural y gastronómica, así como expresión social, españolas. Su presencia como acompañante gastronómico y su vinculación con los hábitos culinarios y las celebraciones en España también son parte del sustrato del valor social del vino.

 

Para saber mais acesse o link completo: https://www.interprofesionaldelvino.es/publicaciones-estudios/informe-importancia-sector-vitivin%C3%ADcola/