quarta-feira, 3 de junho de 2020

Com a volta das viagens, turismo rural, ecoturismo e enoturismo vão deixar o coronaviurus perdido na paisagem



Por Rogerio Ruschel

Prezado amigo ou amiga, um dos segmentos econômicos que mais sofreu impactos negativos com a pandemia foi o turismo, que representa 8% do PIB mobiliza mais de 50 segmentos da economia e responde por mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil. Como existem diferentes desejos de viajantes, existem vários tipos de turismo. Entre os mais concorridos estão o turismo de “sol e praia” e o turismo urbano convencional, aquele que arrasta multidões para visitar atrações em centros urbanos. Mas por causa do Covid-19 os tipos de turismo com potencial para retomada mais rápida são aqueles que se realizam em ambientes rurais, sem algomeração e em contato com a natureza como o turismo rural, o agriturismo, o ecoturismo, o enoturismo, o turismo de aventura e de esportes na nautreza.

Isso porque a retomada das atividades turísticas pós-Covid19 tende a ser realizada em espiral: o turismo será retomado inicialmente por passeios em transporte privado (automóveis), em cidades mais próximas do turista (porque a economia também sofreu), em destinos com menos pessoas, e irá se ampliando, aumentando aos poucos, até chegar às viagens internacionais lotadas feitas com transporte aéreo, como acontecia antes da pandemia Covid-19.

Mas enquanto não existir uma vacina segura contra o Convid-19 terão mais sucesso os destinos que buscarem atender a quatro “S”s: Segurança, Sustentabilidade, Solidariedade e Saudabilidade. Mas antes veja onde encontrar informações sobre o cenário Covid-19, que muda constantemente:

·      Levantamento da Secretaria de Turismo de Sâo Paulo, APRECESP e AMITESP, analisa a publicação  de decretos municipais  com medidas de prevenção  do Covid-19.  Veja aqui: https://bit.ly/setursp_analise_decretos_covid19
·      Relatórios da OMT – Organização Mundial do Turismo sobre países e restrições ao turismo podem ser encontrados aqui: www.unwto.org/news/covid-19-restrictions-on-tourism-travel
E agora veja como os segmentos estão se organizando para a volta das atividades. Lideranças do turismo Rural, incluindo Agroturismo, Turismo Rural da Agricultura Familiar e Turismo Rural de Base Comunitária realizaram debates pela internet e propuseram a criação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento do Turismo Rural Brasil. A iniciativa, liderada pela especialista Andreia Roque, propõe políticas públicas setoriais e normas nacionais de procedimentos e protocolos de retomada do turismo e ampla divulgação das oportunidades de se fazer turismo em lugares abertos, sadios, sem algomeração e em contato com a natureza. Participei dos debates; participe também - #turismoruralconsciente

Quem também quer propor protocolos e iniciativas é a Catraca Livre, um site de notícias com foco em eventos culturais e temas como cidadania, educação, carreira, bem-estar, etc. Em parceria com a Interamerican Network, uma agência de comunicação e representação especializada em turismo, está realizando uma  pesquisa em países da America Latina para apontar caminhos  seguros e confiáveis  para a volta das viagens. Até 15/junho a pesquisa está em bit.ly/pesquisa_ Catraca_livre_turismo  
Outro setor que pode se beneficiar do “turismo em espiral” é o Enoturismo. Sandra Carvão, diretora de Inteligência de Mercado e Competitividade da Organização Mundial do Turismo me disse em entrevista exclusiva que o enoturismo tem uma grande capacidade de levar pessoas urbanas e com bom poder aquisitivo a visitar, se hospedar e comprar produtos em ambientes rurais. Isto é o que precisamos e que pode ser facilitado pelo Convid-19.
No Brasil o Enoturismo pode ser importante para mais de 5 milhões de brasileiros em pelo menos 150 municípios de 40 regiões de 10 Estados do Brasil. Em 2018 mobiloizou cerca de 1.200,000 turistas – e não só na serra gaúcha, como muitos pensam. Infelizmente não temos nenhuma entidade nacional de organização do enoturismo. Eu tenho escrito sobre isso há muitos anos e em 2017 publiquei uma proposta de Agenda do Enoturismo no Brasil – veja aqui:  http://www.invinoviajas.com/2017/12/em-2018-o-brasil/
Pouca coisa foi feita sobre esta agenda, e recentemente fiz um video relembrando a importância disso, veja aqui:  https://youtu.be/tGxBjuZEJOY
Mas estamos buscando conhecimento sobre isso fora do Brasil. A consultora de turismo Ivane Favero, ex-presidente da Associação Internacional de Enoturismo - Aenotur participa de um grupo de especialistas em enoturismo denominado International Wine Tourism Think Tank que planejam fazer propostas concretas aplicáveis a qualquer vinícola e destino de enoturismo do mundo, sob a nova realidade pós-Convid-19. No grupo estão representantes da Itália, França, Portugal, Espanha, Brasil, Argentina, Chile, México, Estados Unidos e África do Sul e a primeira iniciativa é a realização de uma pesquisa para conhecer a realidade do mercado, que espero em breve poder compartilhar. Se você trabalha com enoturismo, ajude a iniciativa: acesse https://es.surveymonkey.com/r/CV3TLX2?lang=pt
Na Itália, país que sofreu muito com o Covid-19, o enoturismo gerou mais de 2,65 bilhões de euros com 15 milhões de turistas em 2019. Os italianos trabalham em várias frentes para retomar o enoturismo no país, como com financiamentos para reconstruir a acessibilidade aos territórios e a rolagem de dívidas dos gastos turísticos e do enoturismo em 2020 para 2021. O programa é liderado pela Associação Nacional de Cidades do Vinho (a Città del Vino), fundada em Siena em 1987, que reúne 460 municípios. Floriano Zambon, presidente, explica que a retomada "...implica a necessidade de reconstruir e criar novos caminhos, ciclovias, rotas de enoturismo, letreiros, itinerários e experiências culturais, mas também infraestruturas de serviços e conexões digitais adequadas para os territórios mais rurais e desfavorecidos pelo fosso digital”. Um relatório sobre a situação está aqui: http://www.today.it/partner/adnkronos/economia/lavoro/citta-del-vino-enoturismo-volano-per-la-rinascita-dei-territori.html
Foto de abertura: O publicitário e fotógrafo Rodrigo Ruschel surpreendeu a neblina matinal sobre o rio Silveira, em São José dos Ausentes, na serra gaúcha. Nesta época não tinha Covid-19. Mas se tivesse, o tal coronavirus estaria perdido na paisagem, confuso no meio da neblina; bem feito!!!!!