terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Convite comunitário: em março Santa Catarina realiza a 6a. Vindima de Vinhos de Altitude do Brasil; participe, divirta-se, relaxe - e seja feliz.


Por Rogerio Ruschel, com algumas fotos Daniele Lottermann

Meu prezado leitor ou leitora, este é um convite feito por uma comunidade inteira: conhecer uma das mais importantes regiões produtoras de vinho do Brasil, em eventos alegres e divertidos realizados por um mutirão de empresas e órgãos de governo, entre os quais a Associação Vinhos e Vinícolas de Altitude de Santa Catarina, Prefeitura Municipal de São Joaquim e SEBRAE/SC, representadas pelos cavalheiros da foto acima, Eduardo Bassetti, presidente; Giovani Nunes, prefeito e Anacleto Angelo Ortigara, diretor, respectivamente.

Além das belas e badaladas praias do litoral, Santa Catarina também tem atrações no interior do estado, como o turismo dedicado à gastronomia (alemã e italiana), o turismo com experiências de vida rural, e mais recentemente o turismo dedicado à cultura do vinho; o estado já é um importante pólo produtor de vinhos do Brasil, disputando espaço com São Paulo e Paraná. E com um detalhe: Santa Catarina tem se destacado na produção de vinhos finos de altitude, uma especialidade exclusiva no Brasil – nem na Europa se produz vinhos em altitudes de até 1.400 metros. 



Pois agora em março, brasileiros de todos os rincões vão subir a impressionante rodovia da Serra do Rio do Rastro (foto acima) ou outras estradas, para participar da 6a. Vindima de Altitude do Brasil. Os eventos vão ser realizados de 1 a 31 de março na Serra Catarinense, e você pode se diverter e ajudar na colheita desta que provávelmente vai ser uma safra recorde, estimada em 1 milhão de quilos, que vão gerar 1 milhão e 300 mil garrafas de vinho.

Os organizadores reservaram aos visitantes uma intensa programação a partir da abertura dos festejos no primeiro dia de março, na Praça Cezário Amarante, no centro de São Joaquim. No dia da abertura estão incluídas diversas atrações culturais gratuitas para todos os públicos, com a degustação dos vinhos mais conhecidos da região, além de queijos produzidos ali mesmo. 


 Mas a agenda de eventos continuará por todo o mes, sempre nos finais de semana, nas vinicolas que participam do programa. Cada vinícola criou uma programação própria com roteiros de visitas, almoços e jantares harmonizados, por-de-sol e passeios. A agenda prevê shows, cursos, workshops e oficinas sobre as variedade de uvas de vinhos de altitude, exercícios de análise sensorial de produtos e características olfativas, visuais e gustativas de vinhos tintos, brancos e rosés de altitude.

A Vindima deste ano, organizada pela Associação Vinhos e Vinícolas de Altitude de Santa Catarina, inclui 14 vinícolas dos municípios de São Joaquim, Campo Belo do Sul, Urubici e Bom Retiro: Abreu Garcia, D’Alture, Hiragami, Suzin, Quinta da Neve, Leone di Venezia, Serra do Sol, Thera, Vivalti, Villa Francioni, Villaggio Bassetti, Villaggio Conti, Vinhedos do Monte Agudo e Pericó. 



As vinicolas tem pousadas próprias ou parcerias com pousadas para todos os gostos e preço, e a região oferece bons restaurantes, cafés e hotéis. E tem os vinhos, meu caro leitor ou leitora. Eu tenho boas referências dos vinhos da Villa Francioni – que andam impressionando especialistas – e me surpreendo a cada garrafa dos vinhos da Villaggio Conti. 

Os Conti são vinhos de profunda inspiração italiana e muito ricos em novidades como uvas quase desconhecidas no Brasil como as tintas Teroldego, Aglianico e Resfosco Dal Peduncolo Rosso, e brancas como Grechetto (abaixo), Vermentino e Ribolla Gialla, além da Malvasia de Candia que, produzida nas Ilhas Canárias, ESpanha, encantava Sheakespeare e Saramago. E tem também a Arancione, uma uva tinta com a qual Humberto Conti faz um vinho laranja excepcional.



Esta vindima apresenta outra qualidade: ela reflete o esforço da comunidade. E quem me prestigia com sua leitura sabe que costumo dar destaque a eventos que retratam união em torno de objetivos de interesse comum e que respeitam a cultura local. Porisso quero registrar que a 6a.Vindima é realizada via Lei de Incentivo à Cultura, conta com patrocínio da Engie, Supermercado Zabot, Oxford e Lamar e apoio do IFSC, Prefeitura Municipal de São Joaquim, Governo do Estado de Santa Catarina, BRDE, Sebrae, Souza Cruz, Terroir Villaggio, SESC, Aproserra e Bocatti. O evento é uma realização da Vinhos de Altitude Produtores e Associados e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania do Governo Federal.
-->O presidente da José Eduardo Pioli Bassetti, que também é proprietário da vinícola Villaggio Bassetti e o produtor Acari Amorim, da Vinícola Quinta da Neve, lembram que este ano a região vai completar 20 anos dos primeiros plantios de parreiras nos campos de altitude da Santa Catarina. “Em 15 anos, nossos vinhos se tornaram referência em qualidade e ganharam prêmios nacionais e internacionais”, fala Bassetti. Concordo com ele. Não degustei todos os vinhos de altitude do Brasil, nem conheço todas as vinícolas, mas aqueles que provei me impressionaram.
Saiba mais em  https://www.vindimadealtitude.com.br

Então, meu caro leitor ou leitora, se você puder, suba a serra do Rio do Rastro. E seja feliz.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

The Porto Protocol: a indústria do vinho enfrenta com muita vontade e classe seu pior inimigo, o aquecimento global



Por Rogerio Ruschel
Prezado leitor ou leitora, as mudanças provocadas pelo aquecimento global já são suficientemente graves para a humanidade, com tormentas, tempestades, furacões e incêndios cada vez mais agressivos, ondas de frio e de calor nunca vistas antes - e como se isso não bastasse, horror dos horrores, já estão ameaçando os nossos vinhos!!!!! Mas podemos ajudar a enfrentar isso com coragem, veja como nesta história.

Segundo a NASA, nos últimos 136 anos desde que a temperatura começou a ser registrada, 17 dos 18 anos mais quentes ocorreram desde 2001, exceto em 1998; e o ano de 2016 foi o mais quente já registrado. Ora, vinho depende de uvas, um produto agrícola que depende do clima, que depende de sistemas como o ciclo do oxigênio, o ciclo da água, o ciclo da temperatura, o aquecimento dos oceanos e tantos outros. Pois nossas atividades predadoras com os recursos do planeta estão desequilibrando ou destruindo estes ciclos, e isso já está chegando às garrafas e adegas.

 
Al Gore vem denunciando isso há mais de uma década, como na foto acima, com o cantor Bono, no World Economic Forum. Na indústria vitivinícola estas mudanças vem sendo sentidas de diferentes maneiras, em diferentes partes do mundo. E há bastante tempo, como eu mesmo tenho publicado aqui no ”In Vino Viajas” (veja no fim deste terxto).

Um relatório de 2016 da AdviClim, uma organização independente que avalia o impacto das alterações climáticas, informa que as flutuações no clima previstas a longo prazo podem causar “mudanças geográficas em variedades de videiras e áreas de produção e mudanças na qualidade e estilo dos vinhos”. Isso significa, meu caro leitor ou leitora, que o status atual de “referência em qualidade” de determinados terroirs, uvas e produtores (como os franceses, italianos, californianos ou alemães) pode simplesmente virar pó, acabando com a dedicação das comunidades, o talento dos winemakers e a herança cultural de centenas de anos.

O relatório também informa que “A terra está ficando mais quente, os padrões climáticos cada vez mais irregulares e isso se torna uma das principais questões ambientais e socioeconômicas enfrentadas pelo desenvolvimento e produção vitícola sustentável no próximo século.” Traduzindo: até mesmo quem estava tranquilo com sua liderança em prestígio e lucratividade na atividade vitivinícola vai precisar pensar com seriedade no assunto.



Muitas organizações começam a se preocupar com isso e hoje quero lhes apresentar uma delas, o The Porto Protocol – o Protocolo do Porto. Está em inglês porque foi concebido assim: global, inclusivo, persuasivo e com forte sentido de urgência. O Protocolo do Porto nasceu na cidade do Porto, Portugal, pela força criativa de Adrian Bridge (foto acima), CEO da The Fladgate Partnership, empresa proprietária de marcas de vinho do Porto como Taylor’s, Fonseca, Krohn e Croft Port, além de hoteis como o fantástico Yeatman e o World of Wine, o gigantesco centro de visitantes, com museus, lojas e restaurantes que está nascendo no centro histórico de Vila Nova de Gaia.
Bridge explica porque se preocupou em formalizar uma proposta de ação no Protocolo do Porto:  “A razão pela qual eu comecei a liderar este movimento sobre mudanças climáticas é simples: estou cansado de ir a conferências onde as pessoas me dizem qual é o problema. Eu entendo o problema. O que precisamos é da solução.”


Por isso em julho de 2018 a Taylor’s Porto da The Fladgate Partnership patrocinou o The Porto Summit 2018, uma conferência sobre mudança climática, na qual o ex-presidente dos EUA Barack Obama participou como orador principal. Na oportunidade Adrian Bridge justificou porque sua empresa estava tão preocupada: “Vivemos de um produto agrícola extremamente vulnerável”.  
O evento reuniu especialistas e ouvintes e lançou o Protocolo do Porto, um conjunto de compromissos que busca incentivar a indústria global de vinhos para um objetivo comum: minimizar os efeitos da mudança climática o mais urgente possivel, reduzir as emissões de CO2 e compartilhar suas experiências e conhecimentos através da plataforman de internet https://www.portoprotocol.com/

Pois agora entre os dias 5 e 7 de março de 2019 vai ser realizada a segunda conferência da série, denominada “The Climate Change Leadership Porto – Solutions for the Wine Industry”. Muitos cientistas, especialistas e empresários do primeiro escalão do mundo do vinho estarão reunidos na bela cidade do Porto – a Invencível – para refletir sobre as propostas do Protocolo do Porto.
A palestra principal estará a cargo de Al Gore, ex-vice do presidente Bill Clinton, dos Estados Unidos, autor de vários livros e do documentário extremamente elucidativo denominado “Uma Verdade Inconveniente”, pelo qual acabou recebendo o Prêmio Nobel da Paz em 2007.

O evento deve reunir cerca de 750 pessoas que tem forte compromisso econômico e social com a indústria (veja acima). Adian Bridge diz que Al Gore deve fornecer informação e inspiração para os participantes. “Estou à procura de inspiração. O que mais eu posso fazer? Que lugar melhor para encontrar motivação do que estar com outras empresas do vinho que lidam com essas questões, em outras partes do mundo? “ Se conseguir apoio, estarei no Porto para informar o que aconteceu aos queridos leitores que nos prestigiam - e que em janeiro de 2019 foram mais de 260.000.


Atualmente a The Porto Protocol já está agindo além das fronteiras vinícolas, com a participação de universidades, empresas de consultoria, hotéis, organizações de turismo – e midias, entre as quais o blogue “In Vino Viajas”, um orgulhoso membro associado. 

Aliás, In Vino Viajas é o primeiro associado da The Porto Protocol no Brasil, e o segundo da America do Sul, depois da Bodega Catena Zapatta da Argentina. E seguramente é o blogue de cultura de vinho emtodo o mundo que mais pesquisa e publica sobre meio ambiente e sustentabilidade.
Este é meu compromisso e brindo a isso!!!!

Para saber mais sobre o evento, acesse http://www.climatechange-porto.com/
Para conhecer algumas das reportagens de In Vino Viajas sobre sustentabilidade acesse http://www.invinoviajas.com/?s=sustentabilidade