sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A arte enóica da wine-artist Arianna Greco da Puglia, Itália: uma excitante versão moderna do retrato de Dorian Grey


Por Rogerio Ruschel (*)
São Paulo, Brasil, Exclusivo. "O vinho é um produto jovial, as cores variam e a imagem muda como no Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde." Esta é uma das percepções que a pintora Arianna Greco tem de sua obra, como relata nesta entrevista exclusiva para In Vino Viajas. Arianna nasceu em Bari, Itália, e pinta desde os 12 anos. É formada em odontologia, mas deixou de fazer próteses para atender outras habilidades e desejos - e se o mundo perdeu uma dentista, ganhou uma artista. 

E Arianna Greco (acima) é uma artista com muito talento e que hoje está na lista das mais badaladas praticantes da l’Arte Enoica, a pintura feita com vinho, também chamada de “wine-artist”. Meu caro leitor ou leitora, Ariana me disse que se envolveu com o vinho por acaso (por amor – veja na entrevista abaixo) mas acho que foi o destino porque Bari fica na Puglia, e a Puglia, como sabemos, é a maior região produtora de vinhos da Itália. 
Entre suas performances mais conhecidas estão uma exposição-show na feira Cosmoprof Asia, em Hong Kong, em 2013, na qual Arianna Greco pintou telas relacionadas a produtos de beleza produzidos pelos irmãos Toppino de Alba (Piemonte) com ingredientes ativos do extrato de vinho Nebbiolo, a uva do Barolo (veja embalagem na foto abaixo).

Em Florença durante a Wine Town de 2012 Greco trabalhou com os designers da Família Ferragamo utilizando vinho da Azienda Il Borro; fez performances ao vivo com vinho Barolo na Semana da Moda de Milão de 2014 e recentemente fez uma performance pintando telas ao vivo na super-loja de alimentos e bebidas italianas Eataly, em Roma, que um vídeo está mostrando na internet – veja foto abaixo.

Em 2013 Arianna Greco foi premiada com o título de Embaixadora do Museu de Pulcinella (as famosas marionetes de Nápoles) pela criação da máscara histórica da Commedia dell'Arte italiana, uma obra pintada com vinhos Aglianico del Vulture e Pinot Grigio.

Arianna Greco foi muito simpática comigo e disse que gostou muito de me conceder esta entrevista e ceder as fotos para divulgação. E eu gostei muito de conhecer o trabalho dela, que você vai conhecer a seguir e certamente também vai gostar. Com a palavra a pintora do eno-retrato-de-Dorian-Grey.

“Eu moro no sul da Itália em Porto Cesareo (no Lecce, Puglia) e me aproximei do mundo do vinho graças ao Amor: é que eu estava noiva de um homem que lida com vinho, tem uma Enoteca e faz distribuição e por causa dele comecei a conhecer esse mundo. Aos poucos, depois de provar muitos vinhos, garrafa após garrafa, pensei em usá-lo para pintar. Não estudei pintura e sim Odontologia, mas a pintura tradicional sempre fez parte da minha vida porque eu estudei a arte e sua relação com as emoções.”

“Na Itália eu encontrei a confirmação do casamento da arte com o vinho porque a cultura do vinho está profundamente enraizada em uma boa parte da população. As empresas vinícolas fazem muita comunicação, muitos eventos e muitas degustações para atrair o público que tem bom gosto e aprecia vinhos.”

“Uma das belezas das obras pintadas com vinho é ver as alterações das cores dos vinhos no trabalho. O vinho é um produto jovial e as cores variam de fortes como o roxo, para laranja e cor de tijolo vermelho para vinhos mais maduros; mas em seguida, as cores podem mudar e a imagem muda como no Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde."
“Ultimamente tenho dedicado muito do meu trabalho para as empresas vinícolas, fazendo a criação de rótulos de vinho e capas de livros; fazendo performance de pinturas ao vivo em eventos e envolvendo o público que pode cheirar e perceber a obra e ver que é feito mesmo de vinho." Nas fotos abaixo a artista com algumas de suas obras em rótulo e capa de livro.
"Muitos colecionadores compram minhas obras porque são arte e ao mesmo tempo um produto de vinho. E em breve o diretor de cinema Agnes Correra, um ótimo amigo, vai fazer um documentário no qual eu e o vinho seremos protagonistas.” 
Meu prezado leitor, eu brindo ao talento de Arianna Greco: tim-tim!
Veja porque alguns dos melhores artistas do mundo criaram os rótulos do Château Mouton Rothschild em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/12/dali-picasso-chagall-warhol-miro-braque.html

Conheça o trabalho do artista gaúcho Gelson Radaelli para o vinho Salamanca do Jarau em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/08/salamanca-do-jarau-lenda-gaucha-de-um.html 
(*) Rogerio Ruschel é jornalista de São Paulo, Brasil, de onde acompanha o que artistas e pessoas de talento estão fazendo nas telas e nas vinícolas.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A interferência da política externa no mercado brasileiro de vinhos, um peso que carregamos desde os tempos coloniais

-->Por Rogerio Ruschel (*)
Meu caro leitor ou leitora, a política externa interfere no mercado brasileiro de vinhos muito mais do que imaginamos e desde o período colonial. Um exemplo: em 1789, para garantir a comercialização de seu vinho para o Brasil e evitar uma eventual concorrência, Portugal proibiu a fabricação de vinhos na colônia; a proibição só caiu em 1808 porque a Coroa veio para cá fugindo de Napoleão Bonaparte - o pintor Debret registrou uma cena quotidiana disso, acima. É possível ver esta interferência no estudo preparado por Oscar Daudt, diretor do EnoEventos, o principal portal de informações sobre vinhos no Brasil. Os dados são do MDIC - Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior e cobrem um período de 26 anos, de 1989 até 2014 – veja no quadro abaixo a evolução das importações.
-->O quadro acima mostra que começamos a aumentar a importação com o fim da didatura militar no começo dos aos 90 (a partir de 1992, já na gestão do presidente Itamar Franco (1992-1995), como resultado tardio da “abertura dos portos” realizada pelo deposto presidente Fernando Collor (1990-1992) porque antes disso as importações eram proibitivas. Quer dizer: com os militares “protegendo o mercado brasileiro” sofríamos também nas papilas gustativas além de ter que pagar 20 mil dólares por uma linha telefonica, comprar computadores ruins, ultrapassados e caros e automóveis que eram verdadeiras “carroças”.
-->Outro exemplo interessante está no quadro acima: os brasileiros misteriosamente “passaram a preferir” vinhos latino-americanos a vinhos franceses, portugueses, italianos, espanhóis e norte-amercianos a partir de 2004, no segundo ano da primeira gestão Lula. A razão? Os brasileiros foram obrigados a compartilhar seu gosto com práticas bolivarianas da política externa brasileira praticada pelo PT desde 2003 que incluem uma taxação de impostos de até 82% para vinhos não do Mercosul.
-->Destaco outras informações. Em 26 anos o Brasil importou mais de US$ 3 bilhões em vinhos (veja quadro acima), de cerca de 30 países, com destaque para produtores latinos. Em 2014 o valor de importações de vinhos estrangeiros foi de US$ 324,5 milhões e mais de 54% dos vinhos importados vieram dos paises do Mercosul, considerando-se o Chile como associado: Chile (35,12%), Argentina (17,58%) e Uruguai (1,17%).
-->A contra-partida foi fraquíssima: em 2014 o Brasil exportou apenas US$ 10, 2 milhões (veja quadro acima), dos quais 20% foram para a Inglaterra, 12% para a Bélgica (provavelmente espumantes) e 10% para o Paraguai. Dez milhões de dólares são menos de 28 milhões de reais, caro leitor, um valor assustadoramente mixuruca para quem tem (ou tinha?) o sétimo PIB do planeta. Em seu estudo, Oscar Daut revela que “Meu sonho não é nada de extraordinário. Apenas desejo viver o dia em que tenhamos preços de vinho semelhantes aos demais países, que nossa bebida preferida seja tratada como um prazer corriqueiro, sem a aura de elitismo que nos manipula, que o Brasil valorize seus próprios vinhos, mas sempre mantendo a curiosidade pela produção dos demais países e pela diversidade.” Assino embaixo.                                                                                                                   O estudo completo de Daudt está em http://www.enoeventos.com.br/201501/importacoes/importacoes.htm
Saiba mais sobre a presença de vinhos latino-americanos no mercado brasileiro em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2015/01/afinal-porque-vinhos-do-chile-argentina.html  
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, mora e trabalha em São Paulo e já teve ou conviveu com computadores horriveis, linhas telefônicas caras, automóveis ruins e vinhos de má qualidade – mas não faz mais isso…

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Conheça 10 lojas de vinhos simplesmente espetaculares na Europa, Ásia e Américas – inclusive no Brasil

Por Rogerio Ruschel (*)

Meu prezado leitor, vinho é um produto que merece muito carinho na hora de produzir e distribuir e muito cuidado na hora de comprar e consumir. Porque vinho é mais do que um produto numa garrafa, é a expressão de uma pessoa ou família e de uma região na qual foi produzido, e nele está o DNA do clima e do solo. Enfim, vinho é a expressão de uma cultura como sempre dizemos aqui no In Vino Viajas. Esta cultura tem muitas maneiras de se expressar no ponto de venda como na foto acima a seção de vinhos do supermercado Spar em Budapeste, que é de uma leveza e graça simplesmente espetaculares; e na foto abaixo a galeria de vinhos L’Intendant, de Bordeaux, França, formada por uma torre de 12 metros de altura com mais de 15.000 garrafas de vinho de altíssimo padrão, com safras de mais de 80 anos.
Para saber mais sobre Bordeaux acesse http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/06/bordeaux-capital-do-vinho-e-maior.html 
Buscando a expressão cultural de quem vende, a cada dia mais se investe na sofisticação do ponto de venda. Mesmo que muitas pessoas estejam comprando vinho pela internet, entrar em uma loja e olhar, lere= os rótulos, ver a cor, a safra, os detalhes da garrafa deveria sempre ser um prazer antes de comprar. Veja a seguir algumas das lojas de vinhos mais interessantes do mundo, segundo o portal espanhol Vinopack, verdadeiros templos de bom gosto e design, com criatividade e inovação. Lugares onde o cliente fica envolvido pelo ambiente como na loja Vintry Fine Wines, no bairro Battery Park, de Nova Iorque, Estados Unidos (abaixo), cuja concepção tem prateleiras que parecem imitar colinas com vinhedos ondulantes e que conseguem expor ao mesmo quase todos os rótulos à venda.
Abaixo veja a loja de vinhos Albert Reich de Zurique, Suiça, que construiu todo o mobiliário com reaproveitamento das caixas e reciclagem de madeiras antigas. São cerca de 1.500 caixas que servem como mostruário, estante, local para estoque, mesinhas e até mesmo cadeiras.
Fica na Suiça também, mas em Lavaux, perto de Genebra, a loja Vinorama, que embora não tenha um design espetacular, tem uma sala de apresentações onde assisti um video espetacular mostrando 12 meses da vida de uma familia de pequenos produtores suiços e uma grande área com mesas de degustação e dezenas de nichos nas paredes - em cada nicho está a expressão de uma dessas famílias (veja abaixo).
Para saber mais sobre esta loja acesse http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/05/nos-vinhedos-de-lavaux-suica-um.html 
Em São Paulo, Brasil, está uma loja que mereceu entrar nesta lista: a loja da importadora Mistral no Shopping JK Iguatemi, um belo espaço projetado pelo arquiteto Arthur Casas e que já ganhou prêmios internacionais. A Mistral tem mais de 3.000 rótulos à venda, e atende a maioria dos clientes pela internet. Assim o espaço fisico de vendas (abaixo) foi concebido associando em um só lugar uma galeria interativa, loja, sala de degustação e sala de leitura. 
A loja de vinhos Weinhandlung Kreis de Stuttgart, Alemanha, está rodeada de vinhedos, razão pela qual, segundo disseram, os arquitetos da Furch Gestaltung optaram pelo contraste, criando um ambiente futurista com os vinhos em engradados de arame na forma de cubos com 25 garrafas cada (veja abaixo), tudo com linhas leves e as cores do arco-iris. Deste jeito conseguiram colocar 12.000 garrafas em apenas 70 m2. 
A antiga loja da Société des Alcools du Québec em Montreal, Canadá, tinha sido concebida como uma espécie de museu e quando teve que ser redesenhada, o arquiteto Sid Lee trabalhou com o conceito de fazer o cliente sentir-se caminhando até a cantina, com iluminação e temperatura “de um castelo frances tradicional”. O resultado final (veja abaixo) ficou elegante.

O Centro Comercial Hyundai de Seul, Coréia do Sul, queria diferenciar-se de outras galerias da cidade, nas quais todas as lojas de vinho eram quadradas, comuns, praticamente similares. Esta nova loja (abaixo) conseguiu chamar a atenção pelo uso de materiais naturais como a madeira, cores claras e grandes testeiras brancas.
Os arquitetos portugueses Luis Loureiro e Nuno Gusmão tinham que ter muito cuidado ao reorganizar o espaço da loja de vinhos do Graham Lodge na cidade de Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal, que tinha mais de 200 anos. A saída foi arejar o ambiente utilizando materiais leves e nobres como a madeira, com muito cuidado para não perder o vaslor de ter 200 anos e a autenticidade do espaço.
  
(*) Rogerio Ruschel, editor deste blogue, fica sediado em São Paulo, Brasil, e gosta muito de frequentar lojas de vinhos sempre que possivel.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Vindima deste verão na serra gaúcha, sul do Brasil, vai ter até produção de filme

Por Rogerio Ruschel (*)

A temporada da colheita da uva de 2015 no Vale dos Vinhedos, serra gaúcha, sul do Brasil – que deve ser feita entre janeiro até metade de março (retratada na foto de Gilmar Gomes, acima) – está cheia de atrações para os mais de 250 mil turistas esperados. Entre passeios, pique-niques, jantares noturnos, cantorias, pisa de uvas e muita gastronomia, os visitantes poderão se deparar com uma equipe de filmagem que prepara um documentário sobre a vindima.

O filme se chama “À sombra das Videiras”, e será rodado em janeiro e fevereiro na Linha Paulina, interior do município de Bento Gonçalves (foto acima, de Felipe Martini). O roteiro tem três elementos fundamentais: a chegada dos migrantes a Bento Gonçalves e a recepção por parte dos produtores – representados no documentário por três famílias de Bento Gonçalves; os dias de colheita e o desenrolar das refeições e conversas entre produtores e trabalhadores; e finalmente a despedida. O projeto é da Faculdade Cenecista, por meio do Núcleo Audiovisual Cenecista (NAC), e a ideia é mostrar os reflexos das migrações sazonais de trabalhadores e o contraste cultural entre empregados e pequenos produtores durante a colheita de uva. Abaixo um dos participantes do filme, Anelino Moro.
Este tipo de filme é muito adequado para uso na recepção a visitantes do enoturismo, no restante do ano. Assisti videos assim em alguns locais da Itália e Espanha, mas um deles foi excepcional e me marcou profundamente: era um video que apresentava 12 meses na vida e labuta de uma família de produtores de uva e vinho em Lavaux, Suíça – um belo e comovente documentário que assisti na grande loja Vinorama, o cartão postal dos vinhos suíços (saiba mais em http://www.lavaux-vinorama.ch )
O filme está sendo patrocinado pelo Fundo Municipal de Cultura e apoiado por produtoras, pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares e Vinícola Aurora  e será produzido pela equipe do diretor Boca Migotto. Migotto tem experiência com o tema quando fez uma série de humor em cinco capítulos chamadaSapore dÍtalia”, em 2011 (da qual a foto acima faz parte) com filmagens na Italia (Roma, Padova, Vicenza e Veneza) e em Bento Gonçalves, para a RBS TV, emissora da Rede Globo no sul do pais que tem forte produção própria. Na foto abaixo, o diretor Migotto (sentado, com o chimarrão) dirige meu amigo o compositor e cantor Raul Elwanger (com o violão) em uma cena de gravação de outra série para a RBS TV sobre “Os Exilados”.
Mesmo que você não seja um dos artistas do filme, será tratado como um rei ou rainha, porque os gaúchos recebem muito bem os visitantes. Veja aqui no In Vino Viajas outras atrações da Vindima 2015. Basta digitar serra gaúcha no espaço de Procurar, em branco, logo abaixo da barra vermelha com o nome do blog.

(*) Rogerio Ruschel, editor do In Vino Viajas, é gaucho e mesmo morando em São Paulo receberá muito bem os visitantes a este blogue.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Afinal, porque vinhos do Chile, Argentina, França, Portugal e Itália ocuparam quase 80% do mercado brasileiro em 2014?

Por Rogerio Ruschel (*)

Com um consumo per cápita de menos de 2 litros de vinho por ano, o Brasil deveria ser um mercado com grande potencial de crescimento pelo seu volume – afinal, somos o sétimo PIB do mundo (se é que ainda ocupamos esta posição) e temos 200 milhões de pretensos consumidores. Mas não é o que acontece. Bebemos pouco vinho, seja rótulos de baixo preço (segmento dominado por produtos nacionais) seja o chamado vinho fino de mesa, um mercado dominado em 80% por produtos importados. (Acima, imagem obtida no site Eu, Gourmet, de Emerson Haas). Veja nos quadros abaixo o comportamento do nosso mercado: o primeiro quadro mostra quadro que no ano 2000 os produtos importados passaram definitivamente os produtos nacionais; e o segundo quadro mostra como nossas vendas internas estão estagnadas desde 2008.
Em 2014 o Brasil importou cerca de US$ 350 milhões de vinhos finos de mesa, especialmente de seis paises: Chile, Argentina, França, Portugal, Itália e Espanha.
O especialista Adão Augusto A. Morellatto, da International Consulting fez uma análise da importação de vinhos pelo Brasil que no total aumentou 12,15 % em relação a 2013, apesar dos impostos (veja abaixo), das estratégias protecionistas das vinícolas brasileiras e do fator cambial que em 2014 aumentou em quase 15%.
Segundo Morellatto, “o principal exportador novamente foi o Chile, que representa quase 46,40% em valor das importações de vinhos finos, 35,30% em valor para todos os tipos de vinhos e 44,39% em volume. Produtos chilenos continuam crescendo no mercado brasileiro – o crescimento em 2014 foi de 25,59% - talvez porque seu preço médio esteja 25% mais econômico que os vinhos argentinos” e assim competem em igualdade com outros vinhos europeus e brasileiros.  Veja como os produtos importados estão ampliando o mercado brasileiro de vinhos.
Perguntei a Renato Frascino, o Embaixador dos vinhos chilenos no Brasil e editor da seção de Gastronomia da revista Robb Report de produtos de luxo, as razões disso. Explica Renato, “Por uma série de razões, a começar pelo clima que gera bons produtos, porque o Chile tem a Cordilheira dos Andes, os ventos do Oceano Pacifico, o calor do Deserto de Atacama e o frio da Antartica ao Sul e solos minerais com muito Cobre. Depois porque os produtores chilenos, que são empresários sérios e criativos, aproveitam isso e praticam uma enologia competente. A partir da década de 80 grandes marcas como Santa Helena, Santa Carolina e Concha y Toro abriram mercado no Brasil com vinhos varietais e uma linha básica. Veja abaixo o consumo em 2011 per capita.
Frascino continua: “Na sequência as vinicolas chilenas investiram em tecnologia e variedades viniferas, escolhendo os vales adequados com terroirs especificos para uvas específicas. Um exemplo é o Vale de Casablanca com uvas brancas Sauvignon blanc e Chardonnay e as tintas Pinot Noir e Shiraz. Outros vales como Maipo, Colchalga, Maule, Cachapoal, Curicó entre outros trabalham com uvas tintas Carmenere, Cabernet Sauvignon, Shiraz e Merlot entre outras. Com esta diversidade de solos e variedades viníferas, o Chile consolidou sua posição de grande produtor de vinhos de alta gama.”  Veja abaixo uma previsão de como será o consumo no ano de 2017 para vinhos tintos.
A Argentina apresentou um crescimento de 9,52% em relação ao ano passado e sua participação caiu um pouco, fechando 2014 com cerca de 17% do mercado de importados no Brasil, em volume e valor. Segundo Adão Morellatto, “a Argentina sofre com as políticas econômicas implantadas e mantidas pelo governo atual, que penaliza a produção e não dá sustentabilidade e condições de crescimento, devido as constantes crise de abastecimento, o que tem prejudicado todo os setores envolvidos.”
E a França? “Maior produtos mundial e mercado com o maior consumo per capita de vinhos do mundo (60 litros por pessoa) a França exportou produtos a um preço médio de US$ 10,30 p/ litro, influenciado pelo alto valor agregado do champagne, que sozinho representa 37,82% de toda exportação. Seus produtos totalizaram quase 15% de participação no mercado brasileiro de importados, praticamente o mesmo de 2013.” 
Adão Morellatto continua: “Portugal em 2014 quase alcançou a França no mercado brasileiro. Por uma pequena diferença ficou no quarto lugar, incentivado pelas influências e ações que realizam aqui, até mesmo a abertura de filiais por aqui (como a Sogrape em 2013). Participa com quase 12% de share, com crescimento de 4,50% e preços médio de US$ 3,88 p/ litro.” Eu, Rogerio Ruschel, não entendo porque Portugal não tem uma participação maior no mercado brasileiro, porque os produtos tem identidade própria, tem prestigio internacional e não existe a barreira do idioma na comunicação. Será que o mercado brasileiro não é considerado estratégico para eles?
“A Itália ficou em quinto lugar no ranking dos exportadores para o Brasil, um movimento de recuperação após um 2013 de queda, em 2014 cresceu 3,97%, com participação bem próxima de Portugal, exatos 11,13% em valor e de 11,68% em volume.”
“A Espanha talvez tenha sido a grande surpresa do ano em 2014: teve uma ligeira queda de quase -1%, e só não caiu mais, devido ao seu vinho espumante (Cava) ter crescido em participação mais de 16 %. A surpresa é que desde 2007 o vinho espanhol vinha apresentando um crescimento médio de 31% ao ano. Outros paises apresentam menos de 5% de participação, mas alguns cresceram bastante em 2014, como a Alemanha (16,72%), África do Sul (54,95%) e Estados Unidos (47,90%). Os destaques negativos ficaram por conta da Austrália (que caiu 69% em participação) e do vizinho Uruguai que continua patinando desde 2007 na mesma faixa de participação, provavelmente por falta de investimento no mercado. “

(*) Rogerio Ruschel é editor deste blogue e gosta de vinhos bons, não importando a origem - mas ficaria feliz se os produtores brasileiros reagissem em seu próprio mercado.