terça-feira, 30 de abril de 2013

Cultura, arte e alegria num carrossel de Florença

 
Por Rogerio Ruschel (*)
Em abril de 2012 estava em Florença e encontrei numa praça (Piazza de la Republica, veja abaixo) um belíssimo carrossel. Meu lado criança imediatamente me obrigou a andar nele, mas tive paciência e voltei ao local no fim da tarde para fotografá-lo com as lâmpadas acesas e também porque como tinha almoçado tarde e bebido uma (ou duas?) garrafas de Chianti, poderia enjoar.
 
Segundo o que consegui descobrir com um funcionário, se tratava de um equipamento produzido na metade do século XX na Itália e se chamava “L’antica giostra della Famiglia Piccini”. Uma verdadeira obra de arte lúdica, com grandes ilustrações, arabescos, cadeiras e cavalinhos de madeira maravilhosos.
Carrosséis são antigas criações de lazer popular e existem em praticamente todos os continentes. São conhecidos por carrousel em frances, carosello ou giostra em italiano; carosella em espanhol e merry-go-round em ingles – veja, embaixo, um exemplar ingles ainda funcionando no Convent Garden de Londres.
 
Na Europa e nos Estados Unidos alguns equipamentos antigos receberam tratamento de obra de arte e são guardados com respeito e até mesmo tombados como patrimônio, como este abaixo de Kenywood, de construção norte-americana.

Embora o objetivo básico seja divertir as crianças (e adultos), pesquisadores e historiadores nos informam três coisas curiosas sobre carrosséis: 1) o primeiro registro da existência de um carrossel destes é um baixo-relevo bizantino com cerca de 500 anos Antes de Cristo;

2) carrosséis foram utilizados como parte do treinamento de soldados das cavalarias turca e árabe no século XII; e 3)  na Europa os carrosséis giram no sentido horário e nos Estados Unidos eles andam quase sempre no sentido anti-horário - isto como cultura inútil é simplesmente maravilhoso.

De qualquer maneira os mais bonitos são franceses e italianos. Os mais antigos na Europa datam do século XVI e eram utilizados para enfeitar palácios e áreas imperiais ou entreter convidados em eventos da corte como casamentos ou recepções a visitantes de outros paises. O primeiro carrossel frances instalado em Paris data de 1605 – e certamente deve ter inspirado o modelo abaixo, do século XX. 

Os Medicis – a rica familia de banqueiros e comerciantes que comandou a cidade de Florença e a Toscana quase que ininterruptamente entre 1434 e 1737 – construiram vários exemplares que foram registrados, mas que não sobreviveram ao tempo. 

Não sei muito mais sobre carrosséis, mas meu lado criança se divertiu muito com este em Florença e por isso compartilho com você. 
Este post é uma homenagem a meu sobrinho Felipe Boni, morador de Florença, que me ajudou a entender a cidade.
 


Conheça também o histórico carroussel da Praça da República de Lyon, França em
   (*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade. E respeita seu lado criança.








segunda-feira, 22 de abril de 2013

Um brinde a Berna, nas montanhas da Suíça, Patrimônio da Humanidade, dos ursos e turistas

 
Por Rogerio Ruschel (*)
Um turista comum, como eu e você, visita Berna por pelo menos uma de quatro razões principais: fotografar o belo centro histórico da cidade, tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco; fazer compras de produtos de alta qualidade como relógios, chocolates, roupas, canivetes e perfumes nos quase 6 km de arcadas, chamadas pelos moradores de "Lauben"; visitar os museus ou pelo menos o Zentrum Paul Klee, um museu modernoso com uma grande coleção das obras deste artista suiço; ou então a razão mais prosaica: conhecer o Parque dos Ursos.
 
Minha razão foram os ursos: minha filha Renata queria que eu os conhecesse, porque os ursos de Berna são um atrativo único na Europa. Segundo diz a lenda, Berchtold V, Duque de Zähringen, fundador da cidade, decidiu  nomear a vila que estava fundando no século XI com o nome do primeiro animal que ele visse quando estivesse caçando – e foi um urso. 
 
Seja verdade ou não, o urso é o simbolo oficial da cidade e está na bandeira e nos simbolos heráldicos desde 1.220. Registros datados de 1.440 já mostravam que a cidade  protegia os ursos; no século XIX foi criada uma área formal para isso - o antigo “Fosso dos Ursos” - que em 2005 foi transformada no Parque dos Ursos (foto abaixo). 

Em uma área de 6.000 m2 esses simpáticos animais podem escalar, pescar, brincar e se esconder dos turistas quando cansam. E os turistas podem se divertir vendo o quotidiano de ursos selvagens, tirando fotos de estátuas de madeira (como abaixo), brinquedos e, é claro, gastantado seus Euros nas lojinhas dos ursos.

 
Berna, capital da Suiça, é uma cidade pequena, mas globalizada: cerca de 25% dos 140 mil habitantes são estrangeiros atraídos pelas Embaixadas de cerca de 50 países. Esta exposição a diferentes culturas poderia ter modificado a cultura original desta comunidade suiça-germânica, mas não foi isto que aconteceu. Ela continua muito germânica e muito suiça, com aquela permanente sensação de que tudo sempre vai estar funcionando do jeito que deveria funcionar, assim como um relógio suiço!
 
Mas minha filha tinha razão ao dizer que tínhamos que ter pelo menos dois dias na cidade para aproveitar. Só em atrações culturais Berna tem 18 museus, entre os quais o Centro Paul Klee - inaugurado há poucos anos, foi desenhado pelo arquiteto italiano Renzo Piano e fica fora da cidade – veja abaixo.
 
Outros prédios de interesse cultural são o Museu Histórico, o Museu de Arte, o Museu Alpino da Suíça, o Museu de Comunicação, e a Casa Albert Einstein, uma homenagem ao físico alemão que morou e curtiu a cidade entre 1903 e 1905 - aliás, o centro histórico no tempo de Einstein não deveria ser muito diferente do que é hoje, conforme se vê no centro da foto, abaixo, porque foi tombado e preservado.
  Embora a cidade tenha um ótimo sistema de transporte público, vale a pena perambular, caminhando a pé pelo Centro Histórico que você vê na foto acima. A cidade conservou seu ar medieval com chafarizes, fachadas de arenito, ruelas e ruas estreitas e torres históricas. 
 
Você vai encontrar inúmeros lugares simpáticos para tomar um café – ou uma cerveja, ou um cálice de vinho suiço, alguns deles em porões com abóbodas como o Wein & Sein, abaixo– um charme suiço.
 
Se tiver coragem pode subir os mais de 100 metros da torre da catedral para ver a cidade lá de cima, que se aglutina em torno do rio Aare (abaixo) e respira a ar alpino de muitos parques, como o da Rosas, acima do Parque dos Ursos. 
 
Passeios ao longo do rio podem render ótimas descobertas em termos de restaurantes onde você pode hamonizar  quiteutes locais, suiço-germânicos ou cozinha internacional com vinhos locais - como das denominações Chardonne, Saint-Saphorin, Epesses, Dézaley Grand Cru, Vevey-Montreaux ou Lutry que degustei em Lavaux (veja post http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/05/nos-vinhedos-de-lavaux-suica-um.html)– ou bordaleses e toscanos – um horror de programa!
 
Sobre a compra de relógios, chocolates, canivetes e moda feminina não vou falar porque não é necessário – voce já sabe que vai encontrar qualidade e pagar por isso. Seja qual for seu gosto, Berna vai te atender com simpatia e generosidade turistica, na cidade ou na região – que se chama Emmental – onde, aliás, você poderia passar dias e mais dias caminhando ou pedalando por montanhas, vales e beiras de lagos encantadores.
 

Este post é uma homenagem à minha filha Renata que me mostra caminhos e me acompanha com paciência em destinos europeus.
Fotos de Rogerio Ruschel e do serviço de turismo de Berna (http://www.myswitzerland.com/pt/berna.html)
(*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é jornalista de turismo e consultor especializado em sustentabilidade socioambiental.





sexta-feira, 19 de abril de 2013

Em Potrerillos, nas cabanas andinas del Cortijo del Torreon

 
Por Horácio Barros (*)

Após terminar a fase de visitas às vinícolas da Argentina, nossa meta era de voltar ao Chile para colocar o motor-home no navio para os Estados Unidos. Entretanto fomos convidados por Frederica Matas para passar 3 dias  nas charmosas cabanas andinas: El Cortijo del Torreon, em Potrerillos, cerca de 60 km da cidade de Mendoza – ARG. (Km 1099 da Ruta Provincial 82 com a ruta Nacional n˚ 7) caminho para a travessia (Ruta Internacional) que se dirige para o Chile.
 
O lugar é maravilhoso. Outono austral muito bem defnido onde as folhas estavam todas amarelas prestes a cair. Quem nos recebeu foi um engraçado caseiro, fanático pelo River que nos fez vestir as camisas de sua coleção pessoal além de um velho chapéu. 
 
O convite foi providencial, pois necessitávamos de um descanso. Além de tempo para lavar nossas roupas. O lugar é de um silencio franciscano.  Um “friozinho do inverno do Brasil” . Um lugar para descansar, curtir e passear pela natureza. Olhar para o Cordón del Plata ou ganhar energia cavalgando nos bosques cheios de cogumelos.
 
Próximo à região o turista tem várias opções.  Fazer trekking, rapel, rafting, escalada, montanhismo, esqui, Kayak e pesca no Dique de Ullúm ou visitar o Cerro Aconcagua, Uspallata e Valle de Las Leñas.
No último dia Frederica preparou um “assado” além de arroz e uma simples feijoada feita especialmente para Wine World Adventure.

 
Potrerillos tem vários restaurantes voltados para a comida rural. Para quem deseja visitar as vinícolas de Luján de Cuyo esta localidade é uma interessante alternativa à tradicional tendência da maioria dos turistas em hospedar na cidade de Mendoza.

(*) Post produzido e publicado por World Wine Adventures (WWA) em junho de 2012. Reproduzido com licença dos autores. Saiba mais em http://www.wineworldadventure.com/categoria/hoteis/




sexta-feira, 12 de abril de 2013

Vila Michelon: o hotel temático do Vale dos Vinhedos

 

Por Horácio Barros (*)

O Complexo Turístico Hotel Villa Michelon fica excepcionalmente bem localizado na rota do vinho do Vale dos Vinhedos, RS 444 – Km 18,9, da cidade de Bento Gonçalves - RS. É um hotel temático. Tudo gira em torno do vinho. As alas dos quartos tem nomes de uvas, como a Ala Cabernet, a Ala Chardonnay, e outras.

É um paraíso, tranquilo, silêncio absoluto. Ótimo para quem procura descansar com a família, grande espaço externo com atividades para crianças, quadras esportivas, pomar com caqui, kiwi,figos e pêssegos gigantes e saborosos. Em volta de todo complexo pode-se caminhar pelos parreirais modelos, com vários tipos de castas e diferentes tipos de condução das uvas, como o sistema espaldeira, pergolado e o sistema de Lira.


Há também o Memorial do Vinho: uma aula de história da viticultura desde os imigrantes italianos até os dias de hoje. É uma volta ao passado com equipamentos antigos de vinificação, como a máquina de sulfatar, a esmagadeira manual, o torcho, o colocador manual de rolhas e uma antiga bomba manual de trasfega de vinhos.

Painéis ilustrativos nas paredes mostram como se elaborava vinhos no início do século XX- produção doméstica utilizando de potes para esmagar as uvas, (pisadura – uva amassada com os pés) que posteriormente foi substituído pelas esmagadoras de cilindros.

O hóspede tem a oportunidade de ver as diferenças entre a elaboração do vinho de colônia ou o vinho comum, geralmente vinificado com o grupo de castas americanas, o qual era consumido no mesmo ano de sua vinificação em razão de seu curto tempo de vida e condições precárias dos equipamentos daquela época.

A Saga dos italianos

Subindo a pé e a cavalo pelas montanhas cobertas de florestas, os pioneiros italianos chegaram a plantar castas italianas, como Barbera e Vernachio, mas sem sucesso. As vitis viníferas (espécies próprias para fabricação de vinhos finos) não prosperaram neste rincão porque os colonos não conheciam as técnicas de combate às pragas, menos resistentes do que as americanas (vinhos de mesa).

O imigrante italiano começou a utilizar a pérgola como forma de vinhedo para a uva Isabel, sustentada vertical e horizontalmente por troncos e travessas de madeiras. Talvez isto, explica a grande área plantada até hoje, na Serra Gaúcha, com o sistema de condução tipo pérgola, não ideal para a fabricação de vinhos finos, com desvantagens sobre o sistema de espaldeira.

As principais uvas cultivadas no Rio Grande do Sul, até a metade do século XIX, eram da espécie mediterrânea, vitis vinifera, trazidas pelos portugueses. A uva Isabel, exuberante e produtiva adaptou-se ao meio tanto para sucos como para vinhos de colônia.
 
As vitis viníferas começaram seu cultivar entre 1980 a 1990. Foram plantados as tintas Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Tannat e as brancas Chardonnay e Gewurztraminer.


Visitar o Memorial do Vinho que fica no Hotel é uma boa aula de história de vinificacão e cultura do vinho na Serra Gaúcha.

(*) Post produzido e publicado por World Wine Adventures (WWA) em janeiro de 2012. Reproduzido com licença dos autores. Saiba mais em http://www.wineworldadventure.com/categoria/hoteis/





segunda-feira, 8 de abril de 2013

Galápagos: um planeta encantado perdido no Oceano Pacífico


Por Rogerio Ruschel (*)
Galápagos é certamente um dos lugares mais estranhos e curiosos do mundo, e até hoje nunca soube de um turista ou conheci um jornalista que não tenha ficado muito impressionado com o que encontrou lá – de fato, Galápagos merece ser um dos destinos mais desejados do mundo – e tão interessante que vou apresentá-lo aos poucos leitores do In Vino Viajas em vários posts, começando agora. 

Perdidas no meio do Oceano Pacífico, cerca de 980 quilometros da terra mais próxima – a costa do Equador – as Ilhas Galápagos foram formadas (e continuam sendo) pelas forças da natureza como vulcões, ventos, chuva e oceanos e abrigam algumas das mais estranhas criaturas do planeta, muitas das quais só existem aqui, como as pré-históricas iguanas-marinhas que vivem em colonias de dezenas de indivíduos, pelas pedras – veja abaixo. 
  Entre os animais que só existem lá estão as as tartarugas gigantes, que se transformaram no símbolo de Galápagos (e geraram o nome). Pesquisadores identificaram 15 diferentes espécies e vem pesquisando para preservar e ampliar as populações, mas em junho de 2012 morreu o “Solitário Jorge” (ou Lonesome George como era chamado pelos jornalistas) com cerca de 100 anos de idade, que era o último representante da espécie Geochelone abigdoni. Veja as fotos do simpático George, abaixo.

Esta grande diversidade de vida animal “diferenciada” se deve ao isolamento do continente e à presença de quatro correntes oceânicas do Pacífico que se cruzam na região e fazem com que a vida marinha seja extraordinária no mar e muito estranha em terra, como o atobá de patas azuis, abaixo. 

Além disso existe outro atrativo mágico para o turista: os animais são muito pacíficos. Como nenhum grande predador terrestre foi capaz de chegar ao arquipélago, os animais não têm medo de outros bichbos o que faz com que os turistas possam chegar bem perto deles - como este repórter mostra, na foto abaixo. É claro que para manter este equilibrio de comportamento, o turismo é severamente controlado, tanto em volume de turistas quanto de onde se pode ir e quando. 
Pertencente ao Equador, o Arquipélago de Galápagos (também chamadas de Ilhas Encantadas) é formado por 13 ilhas principais (4 delas habitadas) e outra cerca de 90 pequenas ilhas ou rochedos isolados. Na verdade, como as ilhas vão surgindo a partir de erupções vulcânicas, as mais “velhas” já tem solo fertile plantas, e as mais recentes são apenas lava resfriada (veja abaixo). 
  Esta é uma das maravilhas de Galápagos: conforme você vai visitando as ilhas, pode acompanhar a evolução do território, das plantas e dos animais. 
Você pode visitar Galápagos a qualquer época do ano e pode chegar de avião ou de barco, num cruzeiro. Eu fiz uma mistura dos dois: de Quito fui de avião (umas 3 horas) e me hospedei em um navio de cruzeiro, que fica navegando entre as ilhas. 

Navios, é claro, com um bom cardápio de vinhos, porque visitar Galápagos é um roteiro turístico de primeira classe. Lembro até hoje de ter bebido um Chardonnay da vinicola equatoriana Chaupi Estancia Winery, harmonizado com frutos do mar – aliás, frutos do mar que vi quando mergulhei em Galápagos, mas isto é uma história para outro post.

Realmente as ilhas Galápagos são literalmente um espanto, e contribuíram para mudar nosso entendimento sobre a vida na Terra ao inspirarem Charles Darwin em 1831, a poder comprovar uma tese que mais tarde se chamaria de Teoria da Evolução Natural.


Veja outros posts sobre a magia de Galápagos aqui no In Vino Viajas. 
 (*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade e esteve em Galápagos a convite do Ministério do Turismo do Equador.