quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vindima 2013 em Canela: o pacote da CVC com a Jolimont


Por Rogerio Ruschel (*)
Rio das Antas
A CVC fez seu próprio programa para levar turistas ao Rio Grande do Sul durante a Vindima 2013, que vai até metade de março. Trata-se de um pacote especial de 8 dias (a partir de R$ 998,00 por pessoa) feito em parceria com a Vinícola Jolimont, de Canela, na serra gaúcha, que oferece ao turista a experiência de conhecer a vindima participando da colheita da uva, do esmagamento com os pés e até fazer o processamento de seu próprio vinho, com seu rótulo personalizado – se o turista quiser. 

O programa inclui degustação de vinhos, espumantes, sucos e queijos, e passeios que revivem as tradições dos colonizadores e de contemplação das paisagens do Vale do Morro Calçado. Comprando o pacote o passageiro da CVC poderá, com a ajuda de enólogos da Jolimont, fazer seu próprio vinho, isto é, cadastrar-se para adquirir o vinho do qual ele participou na colheita quando estiver pronto para ser engarrafado, entre dois e três anos. 
A Vinícola Jolimont foi idealizada por um francês em 1948 possui 27 hectares cultivados a 830 metros de altitude em solos pedregosos e profundos, o que permite que a empresa elabore vinhos artesanais genuínos, puros e de qualidade internacional. Mais informações nas lojas CVC e na Jolimont - http://www.vinhosjolimont.com.br

(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade; além de ter a felicidade de ser gaúcho.
 



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Vindima 2013 em São Roque - SP com a Goes



Por Rogerio Ruschel (*)

O verão brasileiro é o período de colheita da uva em quase todos os sete pólos vinícolas brasileiros, entre os quais os polos do Rio Grande do Sul (na serra e na campanha), Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O mais badalado do Brasil, comparável às vindimas de setembro/outubro na Itália e Espanha, é o evento de colheita na serra gaúcha, especialmente em Bento Gonçalves, o “Bento em Vindima” – que recebe milhares de turistas até o fim de março. Veja a programação da quarta edição em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/12/enoturismo-em-bento-goncalves-rs-um.html
 
Mas na região oeste da Grande São Paulo, em São Roque, existe um polo vitivinicola e os produtores também fazem a festa da vindima. A Vinícola Góes começou sua programação em 19 de janeiro, e até 3 de fevereiro, sempre aos sábados e domingos, a partir das 10:00 hs, receberá grupos para passeios que incluem brunchs. 

O visitante terá a oportunidade de colher o fruto na parreira e depois pisá-lo em uma enorme tina, como se fazia antigamente na fabricação do vinho. Cumprida a divertida tradição da pisa da uva, o visitante ganha um brinde e degusta os produtos da vinícola. Na volta para a sede da empresa o visitante será recebido com músicas e danças tradicionais. 
Os interessados devem entrar em contato pelo telefone (11) 4711-3500 ou pelo site www.vinicolagoes.com.br  Recomenda-se reserva.

Anote: Vinícola Góes – Estrada do Vinho Km 9 – Canguera – São Roque
Datas: de 19 de janeiro a 03 de fevereiro (sempre aos sábados e domingos). Dia 25 de janeiro haverá um passeio extra.
Horários: 10h e às 11h30
Preço: R$ 90,00 - inclui brunch e souvenir

(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vindima 2013 em Bento Gonçalves com a Pizzato

Por Rogerio Ruschel (*)
A Pizzato é uma vinícola com 42 hectares de viníferas européias no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, que produz uva e vinhos há muitas gerações, inicialmente na Itália e depois no Brasil, para onde parte da familia migrou em 1880. A partir de 1999 começam a produzir vinhos finos com o Pizzato Merlot (muito bem recebido na época) e na seguencia com rótulos com uvas Cabernet Sauvignon, Tannat e Egiodo. O produto mais badalado da vinícola é o DNA99 Merlot.
 
A Pizzato oferece tres diferentes programas dirante a Vindima 2013, até o dia 10 de março. O primeiro é o programa Pizzato em Vindima que inclui explicações gerais sobre a produção do vinho e leva o visitante a participar da parte prática como a colheita das uvas e a pisa. Dura 2 horas, é realizado de terças a quintas até 10 de Março e custa R$ 50,00 por pessoa, com direito a degustação e queijos.
Um outro programa é só de harmonização de seis queijos regionais brasileiros com vinhos e espumantes da Pizzato; é feito nos fins de semana e custa R$ 48,00 por pessoa.
 
E nos dias 9, 10 e 16 de Fevereiro e 2 de Março a Pizzato vai realizar o programa mais completo, o “Entardecer nos Vinhedos”, que inclui uma breve explicação sobre o processo de vinificação e cultivo com o patriarca da familia Plinio Pizzato, agita os visitantes com a pisa de uvas e termina com um jantar harmonizado do tipo italiano, com vários pratos e vários vinhos. Tudo isso por R$ 180,00 por pessoa– mas a reserva deve ser feita antecipadamente. Informações na própria Pizzato, fone (054) 3459-1155 ou http://www.pizzato.net
(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade; além de ter a felicidade de ser gaúcho.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Galvão Bueno fica sócio da Miolo

Por Rogerio Ruschel (*)

O apresentador da Rede Globo de Televisão Galvão Bueno confirmou que assinou ontem, segunda-feira, 21 de janeiro, contrato para ser sócio da empresa gaúcha Miolo, ao lado das familias Miolo, Benedetti, Tecchio e Randon. Assim o locutor fortaleceu a parceria com o Miolo Wine Group iniciada em 2009 com o desenvolvimento de dois vinhos de sua propriedade. 
Galvão Bueno e Adriano Miolo fazem um brinde ao negócio

A parceria de Galvão Bueno com a Miolo incluia o desenvolvimento e comercialização pela Miolo Wine Group de dois vinhos superpremium (Paralelo 31 e espumante Bueno Cuvée Prestige) produzidos a partir do projeto Bella Vista Estate, de propriedade do narrador, localizado na região da Campanha (RS), local reconhecido como uma das regiões mais promissoras para o cultivo de uvas, o paralelo 31 – faixa do planeta onde se encontram as melhores regiões vitivinícolas do mundo. Atualmente o projeto conta com 30 hectares de vinhedos e seis rótulos, entre espumantes, vinhos brancos e tintos. 

Segundo os envolvidos, o ingresso de Galvão no grupo proporcionará uma expansão nos negócios da empresa, que pretende chegar em 2020 com faturamento anual de R$ 500 milhões, consolidando sua posição como líder nacional na produção de vinhos finos e espumantes e visando estar entre os três maiores grupos de vinhos da América do Sul. Também para 2020, a empresa projeta um crescimento na produção destinada ao mercado internacional para atingir a meta estipulada de 30%. 
“Para nós é uma grande satisfação contar com o Galvão Bueno fazendo parte do nosso grupo. Tenho a certeza de que ele virá para fortalecer ainda mais nosso projeto de vinhos de qualidade e terá uma contribuição fundamental na construção da imagem e notoriedade que conquistamos até hoje”, diz Adriano Miolo, superintendente do grupo.
 
 “Conhecer a família Miolo foi para mim um acontecimento especial. Trabalhar em parceria com eles só me fez aumentar minha paixão pelos vinhos. Associar-me a eles é fazer parte de uma saga que se iniciou no século XIX e que me enche de orgulho.” Diz Galvão Bueno. A operação foi coordenada pela PriceWaterhouseCoopers.
A Miolo Wine Group elabora mais de 100 rótulos produzidos em sete projetos vitivinícolas no Brasil, em diferentes regiões, incluindo parcerias internacionais com Argentina, Chile, Espanha, Itália e França. É a maior exportadora brasileira de vinhos e está entre as principais produtoras de espumantes, com participação de cerca de 15% no mercado. Mas a Miolo infelizmente é também uma das líderes da busca de salvaguardas, da defesa da reserva de mercado, da venda obrigatória por distribuidores brasileiros, em vez de competir com produtos importados. 

Pessoalmente espero que a participação de Galvão Bueno de alguma maneira influencie a empresa a deixar de se ver como "amassadora de vinhos" e passe pensar em marketing como função estratégica; que a Miolo passe a ser mais agressiva em termos de divulgação e geradora de negócios. Acho que a entrada do Galvão Bueno poderá abrir espaço para atrair novos investidores, captar recursos de pessoas (famosas ou não), com dinheiro, que queiram ter vinhos para "chamar de seus". Anote isso.
 
Fonte: Luiz Cola (blog), Moglia Comunicação; foto: Ana Cris Paulus 

domingo, 20 de janeiro de 2013

Serra gaúcha é um dos 10 melhores destinos de enoturismo do mundo

Por Rogerio Ruschel (*)

O Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, foi eleito pela revista americana Wine Enthusiast (uma das mais influentes do mercado) como um dos 10 melhores destinos enoturísticos do mundo para se visitar em 2013. A lista reúne alguns destinos já consolidados como Vale do Rio Douro (Portugal), Stellenbosch (África do Sul), Hunter Valley (Austrália) e Rioja (Espanha) - e o Vale dos Vinhedos é o único destino da América Latina selecionado.

In Vino Viajas já sugeria e reforça o convite: conheça o que 150 mil pessoas visitaram no ano passado e que agora está na lista dos melhores locais do enoturismo mundial. Aproveite o "4O. Bento em Vindima" neste versão - veja no post publicado aqui - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/12/enoturismo-em-bento-goncalves-rs-um.html
  
 
O Vale dos Vinhedos é a primeira Denominação de Origem (DO) de vinhos do Brasil e fica na região da Serra Gaúcha, no entorno do município de Bento Gonçalves. É a principal região produtora de vinhos do país, e já vem atraindo a atenção de especialistas do mundo todo, como os ingleses Oz Clarke e Steven Spurrier (veja em breve um post sobre isso).
Pois você tem uma oportunidade imperdível para conhecer o Vale dos Vinhedos neste verão, e pagar em Reais: entre 12 de janeiro e 17 de março de 2013 estará sendo realizada o “4O. Bento em Vindima”, a quarta edição de um show de enoturismo com uma programação repleta de atividades em torno da cultura da uva e do vinho no Brasil.

O evento inclui passeios turísticos nas cinco rotas do município de Bento Gonçalves (Vale dos Vinhedos, Caminhos de Pedra, Vinhos de Pinto Bandeira, Rota das Cantinas Históricas e o Vale do Rio das Antas) e inúmeras atividades como degustação de uvas, cursos de degustação de vinhos, colheita noturna, um Ciclo de Cinema especial sobre o assunto, participação na colheita e na pisa das uvas, visita às vinícolas, jantares harmonizados, um grandioso Jantar sob as Estrelas.

Agora, só pra deixar claro: o fato da região ser bonita não muda os inúmeros equívocos que os produtores brasileiros (dominados pelos "veteranos" de Bento Gonçalves) cometem e que denuncio aqui neste blog no post http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/01/a-miopia-de-marketing-do-vinho.html 


A lista completa da Wine Enthusiast para 2013 inclui 10 destinos:
  • Rioja (Espanha)
  • Rio Danúbio (Áustria)
  • North & South Forks em Long Island, Nova York (EUA)
  • Stellenbosch (África do Sul)
  • Monterey County, Califórnia (EUA)
  • Vale dos Vinhedos (Brasil)
  • Willamette Valley, Oregon (EUA)
  • Hunter Valley, New South Wales (Austrália)
  • Vale do Rio Douro (Portugal)
  • Puglia (Itália)


Veja a seguir a reportagem de Jeff Jenssen e Mike DeSimone sobre o Vale dos Vinhedos, publicada dia 8 de janeiro.

“The most important wine region in the country, Vale dos Vinhedos is dotted with wineries, hotels and restaurants.

Forget about the sandy beaches and bikini-clad beauties of Rio de Janeiro, and instead picture the rolling hills of Italy’s Piedmont region. In the late 1800s, southern Brazil experienced a mass influx of Italian immigrants, primarily from northern Italy. The largest and most important wine region in the country, Serra Gaúcha and its Denominación de Origen, Vale dos Vinhedos, now account for almost 90% of Brazil’s fine wine production.

These green hills, dotted with wineries, hotels and restaurants, attract approximately 150,000 visitors per year. Italian cuisine is prominent, and many aged residents speak an almost-lost Venetian dialect interspersed with Portuguese.

Where to Dine 
At Valle Rustico, don’t miss Chef Rodrigo Bellora’s filet mignon with house-made chimichurri sauce or polenta with wild boar ragu. With a wine list boasting 21 sparkling, six white and 35 red selections, it’s hard to choose just one. At Cabanha’s Churrascaria, this traditional pampa-style restaurant features prime cuts of beef that are grilled to perfection over a wood-burning fire. The attached wine shop makes picking your wine fun, educational and easy.

Where to Stay
With 128 luxurious rooms, lavish public areas and a world-class spa, Hotel & Spa do Vinho Caudalie is the place to base yourself while touring Brazilian wine country. Don Giovanni Vinhos Vinhedos Pousada is a quaint, family-run bed-and-breakfast, and is a bastion of Old World charm. Eight guest rooms, a winery and an award-winning restaurant are set in a historic house built in 1930. 

Where to Taste
Roughly 130,000 visitors per year pass through Miolo winery’s gates. Under the guidance of consultant Michel Rolland, it makes highly regarded red, white and sparkling wines. At Pizzato Vinhas e Vinhos, father and son Plinio and Flavio Pizzato make excellent wines from Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Pinot Noir (for sparkling) and some lesser-known varieties. Visitors are often surprised by the impressive European-style buildings at Casa Valduga. Make sure to tour its extensive sparkling wine cellars.
Vinícola Aurora is a co-op with 1,100 member families and a variety of bottlings. The red-wine-spouting, gold-toned Bacchus fountain is a fun photo op. Also, visit Vinícola Salton. Started in 1910, the winery now produces more than 30 wines.

When to Go
Most of Brazil is south of the equator, so the seasons are opposite ours. Go in March to catch the harvest.

Prominent Wines
Red wines are made using Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Tannat, Ancellotta, Pinot Noir, Touriga Nacional and Teroldego. White grapes include Riesling, Chardonnay, Muscat, Malvasia and Glera (formerly known as Prosecco). Sparkling wines are produced in dry and sweet styles, and are among Brazil’s more sought-after sips.
The only red grape that can be labeled as a single varietal in Vale dos Vinhedos is Merlot. Notable examples are made by producers  like Miolo, Casa Valduga and Pizzato. The Indicação de Procedência Pinto Bandeira allows production of both sweet and dry sparkling wines, and dry reds and whites.

Budget Tip
Buy a bottle of Brazilian sparkling wine and some pão de queijo (cheese bread) and head out to Floresta de Tijuca Municipal Park for a relaxing afternoon amid the local flora and fauna.

Local in-the-know
Flavio Pizzato of Pizzato Vinhas e Vinhos likes to spend his days away from the winery actively engaged with nature. “The region is very steep, green and full of barely explored areas. [Mountain range] Paredão da Eulália is close to our winery, and you can just see the sights there or do a deep forest exploration. Also, Serra Gaúcha’s main river, Rio das Antas, is very good for rafting.” One of his favorite outfitters is CIA Aventura.

OtherActivities   
Take the family for a relaxing day in Serra Gaúcha’s hot springs. Caldas de Prata offers a variety of packages to suit your needs and budget, from a simple pool soak (approximately $9.50) to a luxurious spa day (prices vary by treatment). Make sure to visit the beautiful local waterfall, Cascata da Usina."

(*) Rogério Ruschel é jornalista e consultor especializado em sustentabilidade; além de ter a felicidade de ser gaúcho.

 




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A miopia de marketing do vinho brasileiro: assistindo pela janela o sucesso dos vizinhos


Por Rogerio Ruschel (*)

Os produtores de vinhos da Argentina, Chile e África do Sul pensam grande. Na verdade, pensam de maneira correta: o mercado do vinho está na preferência de cada consumidor, e este consumidor pode estar em qualquer lugar do planeta.

Pensando assim as organizações representativas de produtores de vinhos destes tres países estão juntando as forças para ficarem mais competitivos no mercado global. Criaram um evento denominado The Beautiful South a ser realizado em setembro de 2013 (dias 11 e 12) no Olympia 2 de Londres, Inglaterra. Eles acreditam que juntando forças poderão se tornar mais relevantes no mercado global, e que apresentar-se em Londres, onde o dinheiro do mundo é carimbado e distribuído, é de fundamental importância – coisa que até a velhinha de Taubaté, do Luiz Fernando Veríssimo, já sabe.

Estes países não têm receio de perder sua identidade e confiam nos produtos. Até porque todos mantém programas de marketing e promoção pró-ativos durante o ano inteiro, e também porque manterão seus próprios programas de promoção e degustação na Inglaterra e na Europa. Eles estão fazendo o óbvio: somando sinergias. E é porisso que em 99% das lojas especializadas em vinhos na Europa não se encontra produtos brasileiros nas prateleiras de “vinhos do Novo Mundo”, ao contrário de chilenos, argentinos e até mesmo uruguaios.

O programa The Beautiful South é profissional: os produtores dos países convidarão (e patrocinarão) a presença na capital inglesa de seus distribuidores, importadores, representantes, jornalistas e grandes clientes dos principais mercados europeus. Como disse Michael Cox, diretor da Wines of Chile na Europa, "Os tres países produtores de vinho do sul estão quebrando paradigmas com inovação e colaboração para aumentar a presença e importância do vinho do Novo Mundo. Um local, dois dias, três países, oportunidades incontáveis – a fortuna favorece os bravos!”

Eles estão escutando o mercado, como confirma Andrew Maidment, diretor da Wines of Argentina na Europa: “Durante anos ouvimos o trade nos dizer que deveríamos ser pró-ativos para competir globalmente, porque vinho é um negócio necessáriamente global. Estamos sendo pró-ativos e o retorno não tardará”. (E cá prá nós: estou falando da Argentina, um país semi-falido que está transferindo sua produção de vinhos para o Chile por causa das tolices da presidente…)


E o Brasil?

Enquanto isso, os produtores brasileiros preferem fazer lobby para garantir mercado cativo em solo brasileiro. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) – organização mantida com recursos públicos - somos “o quinto maior produtor vitivinícola do Hemisfério Sul” e “nossos produtos já foram reconhecidos por mais de 2 mil prêmios internacionais”. Acredito nisso, temos realmente bons vinhos que ocasionalmente conseguem visibilidade no exterior mesmo que fraquinha como no “Hugh Johnson's Pocket Wine Book 2012” um guia respeitado internacionalmente que apresentou o Brasil em 10 linhas, isto mesmo, 10 linhas! Mas a realidade é que exportamos somente 1% da produção e, com mais de 130 anos de vitivinicultura, 1.100 vinícolas e 83.000 hectares plantados, o setor é desorganizado, desunido e só conseguimos nossa primeira DO (Denominação de Origem) em setembro de 2012! 

Porque isso acontece? Uma das causas certamente é o que se chama de miopia de marketing: além da Ibravin parecer estar satisfeita com a venda agora obrigatória no Brasil, nosso marketing do vinho e do enoturismo é reativo, acanhado e simplório. A Ibravin também tem um programa “Wines of Brasil”, como os países acima citados e praticamente todos os 150 que produzem vinho no mundo, mas é precário. O site do “Wines of Brasil” (assim mesmo, Brasil com “s”) que deveria ser a interface internacional do nosso vinho, é feito para brasileiros, não tem consistência técnica, não apresenta nossos produtos e os textos em ingles são sofríveis. Para completar, a única imagem do site – um mapa das regiões produtoras de vinho no Brasil – está programada para não ser copiada para divulgação! Como jornalista brasileiro que divulga nossas atrações enoturísticas e produtos na vinosfera internética global, sinceramente fico constrangido em divulgar esse site.  

A Ibravin se esforça, mas isto não é o bastante. A entidade acaba de assinar um convênio com a Embratur para promover degustação de vinhos e distribuir material promocional sobre enoturismo brasileiro em vários eventos em 2013 em países mercado-alvo do projeto “Wines of Brasil”. Parece um avanço, mas acho que o foco é enoturismo, porque as degustações serão feitas dando vinho de graça para consumidores finais que provavelmente não vão encontrar o vinho brasileiro em sua cidade, mesmo se quiserem, enquanto o The Beautiful South, por exemplo, é um evento pra o trade (gente que compra e vende vinhos), com foco profissional. Como qualquer consumidor escolho vinhos pelo meu prazer pessoal, não importando de onde tenha sido produzido. Mas sem vinho conhecido e respeitado e sem a cultura do vinho, será muito difícil promover enoturismo no Brasil.
Os produtores brasileiros precisam urgentemente repensar sua atividade, se reposicionar como indústria, deixar de ser uma atividade encastelada na reserva de mercado e para consumo interno. Nossas qualidades – muitas delas graças à Embrapa – e o discurso de que “os vinhos brasileiros já têm qualidade de padrão internacional”, e que “nossos espumantes estão na lista dos melhores do mundo” merece e precisa se transformar em valor de mercado. E que no “pacote” nosso enoturismo seja valorizado, especialmente o da serra gaúcha (veja meu post sobre Bento Gonçalves aqui mesmo, em http://invinoviajas.blogspot.com.br/2012/12/enoturismo-em-bento-goncalves-rs-um.html).

Espero que os produtores brasileiros melhor informados e que sabem que o mercado está onde você conseguir chegar (e eles existem, graças a Deus!), não se satisfaçam com esta situação.

Em todo o caso, se os produtores brasileiros quiserem pegar uma carona no programa The Beautiful South, os endereços de contato são:
Jo Wehring, Wines of South Africa, jo@winesofsa.com
Michael Cox, Wines of Chile, michael@winesofchile.org.uk
Andrew Maidment, Wines of Argentina, amaidment@winesofargentina.com

Imagens de Fabiano Mazzotti e Gilmar Gomes, cedidas pela Prefeitura de Bento Gonçalves, disponíves no site da cidade.

(*) Rogerio Ruschel é gaúcho, publicitário, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade, prestando serviços para empresas como Vale, Walmart, Votorantim, Volkswagen, Gerdau, Bradesco e Suzano; foi professor de pós-graduação na ESPM-SP por 14 anos. Escreve sobre enoturismo de maneira crítica e independente. Contato: rogerio@ruscheleassociados.com.br







segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Os vinhos da Alsácia: uma arte de 2.000 anos

Por Rogerio Ruschel (*)


O clima é especialmente benéfico para a produção de vinhos como já haviam se dado conta os romanos há mais de 2.000 anos, por conta da fertilidade do vale do Reno, da baixa precipitação pluviométrica (entre 400 e 500 milímetros de chuva por ano), da baixa altitude (entre 200 e 400 metros) e da proteção das montanhas Vosges. 

 
Registros informam que na Idade Média os vinhos da região já estavam na lista dos mais caros. Na região prosperaram cepas de uvas brancas (92%) influenciadas pela cultura germânica, e que geraram o conhecido Vin d’Alsace – cerca de 160 milhões de garrafas por ano. 

 
Destruídos durante a Guerra dos Trinta Anos, os atuais 15.548 hectares de vinhedos da Alsácia renasceram após o fim da Primeira Grande Guerra, vêm retomando sua importância na economia da França e aumentando a produção para exportar além dos 26% da produção atuais. Em 1945 foi adotada legislação de delimitação de áreas que criou as três Denominações de Origem Controlada: AOC Alsácia em 1962, AOC Alsácia Grand Cru em 1975 e AOC Crêmant da Alsácia em 1976.
Os vinhos brancos da Alsácia são especialmente secos e bastante frutados, produzidos com alta qualidade a partir de 6 cepas principais: Riesling, Pinot Blanc, Gewurztraminer,  Pinot Gris, Sylvaner e Moscatel. 

O Riesling é considerado um dos melhores do mundo por sua acidez e potencial de envelhecimento; a Pinot Gris, também originária desta região da Europa (e chamada de Malvoisie no Vale do Loire) é uma uva tinta utilizada para fazer vinho branco por seu açúcar.
Mas o Gewurztraminer, originário da região, com um sabor frutado e um pouco picante  - “Gewürz” significa “tempero” em alemão - me pareceu o que tem maior personalidade. Os alsacianos produzem também os crémants, uma versão de champanhe com sotaque germânico. 
A indústria do vinho na Alsácia se estrutura a partir de vinhedos de pequenos produtores (cerca de 4.700) no vale do rio Reno, na turística Rota do Vinho Alsaciano que começa no norte, em Marlenheim, próximo de Estrasburgo (capital, com cerca de 250.000 habitantes) e se estende para o sul por 170 quilometros até Thann, próximo de Mulhouse (segunda maior cidade, com 120.000 pessoas). 
O grande centro comercial vinífero e também o que tem maior densidade de vinhedos, o melhor micro-clima e terroir da região - razão pela qual concentra a maior produção de grand crus - é Colmar, terceira maior cidade da Alsácia, com cerca de 70.000 habitantes e terra de Frédéric Auguste Bertholdi, escultor e autor da Estátua da Liberdade de Nova Iorque. Esta rota pode ser feita por partes – e recomendo que o seja, para ser melhor apreciada – e se possível na época dos festivais do vinho, entre abril e outubro. 
Todos os vilarejos tem muitas caves de produtores de vinho. Pode-se degustar e comprar diretamente do produtor, com preços que variam de 5 a 14 Euros (brancos, crémants e grand crus), chegando a 25 Euros por um Gewurztraminer Vendages Tardive (colheita tardia) com 6 anos na garrafa. 
Não sou sommelier, mas garanto que com 8 Euros você compra ótimos rieslings, pinot gris ou sylvaners que não encontra com facilidade no Brasil - mas se encontrasse custariam até 6 vezes mais....
Apoiada na ancestral experiência de produção vinícola, a Alsácia tem mais de 30 Confrarias, grupos de profissionais que se dedicam à garantia de qualidade e promoção de reputação dos vinhos alsacianos. A mais antiga, a Confrérie Saint-Étienne, data do século XV. 

Em muitos vilarejos existem Museus do Vinho, mas a Escola de Vinhos, a Maison dês Vins D’Alsace e a grande Feira comercial ficam na cidade de Colmar, no entorno da CIVA – Conseil Interprofissionnel dês Vins D’Alsace (foto abaixo) – veja em http://www.vinsalsace.com/en/ disponível em oito idiomas, incluindo espanhol. Neste endereço é possível conhecer programas de visitação profissionais e solicitar guias de visita e anuários de produtores.

(*) Rogério Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade - http://www.ruscheleassociados.com.br/ . Ruschel viajou à Alsácia por conta dele mesmo.