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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Uma visita à Quinta do Seixo, da Sogrape: a impressionante beleza dos vinhedos do Douro, em Portugal, e a difícil tarefa de tentar registrá-la


Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, me recostei uma videira velha ao lado de um muro de pedra e em respeitoso silêncio mergulhei meus olhos naquela paisagem magnífica por mais de um minuto. E nas três horas seguintes quase não consegui parar de tirar fotos, tentando aprisionar aquele cenário de beleza milenar em uma pequena e ridícula câmera fotográfica. É impressionante! Sou um jornalista experiente e só fiquei assim, sem palavras, em poucos locais na minha vida. E o Douro Vinhateiro, em Portugal, é uma dessas – e creio que impressiona todo mundo porque foi reconhecido pela Unesco como um Patrimônio da Humanidade em 2001. 
Agora imagine ter essa experiência estética conhecendo vinhedos famosos e adegas centenárias e degustando vinhos de classe mundial como os do Porto! Por isso é que o Douro vem sendo recomendado por jornais, revistas e programas de TV dos Estados Unidos e da Europa como um dos destinos imperdíveis do mundo – como eles dizem, o Douro é “astonishing”.

Estive lá no começo do inverno, em dezembro, e embora os vinhedos não tenham a beleza colorida da primavera, o movimento é menor; em 2015, só em barcos mais de 750 mil turistas estiveram lá. Fui convidado pela Sogrape Vinhos, a maior e mais premiada vinícola de Portugal, para visitar a Quinta do Seixo, uma das propriedades mais bonitas do Douro e berço do Don Sandeman, a marca de vinho do Porto com 225 anos que em 2015 vendeu 6,7 milhões de garrafas em mais de 130 países – mais de 18.000 garrafas por dia!

Vou contar esta história, mas antes seria bom você saber porque este é considerado um dos destinos imperdíveis do mundo. Localizado no Norte de Portugal, o Douro é um lugar histórico: foi a primeira região vinícola do mundo a ser uma Região Demarcada, em 1756 É um vale recortado pelo rio Douro (e afluentes) que nasce na Espanha e desagua no Atlântico, nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, depois de percorrer 897 kms.

Hoje, depois de centenas de anos de cultivo de uvas, atividade que começou no tempo dos romanos, é uma das mais belas regiões vinícolas do mundo. Sabe aqueles lugares onde você simplesmente não consegue parar de fotografar? Pois o Douro é assim e eu não resisti, como mostra a foto abaixo.

Os vinhedos são plantados de três diferentes maneiras: em socalcos (zonas com inclinação muito elevada, geralmente com muros de xisto – como na foto acima), em patamares (terraços sem muros de suporte como na foto abaixo) e no alto (topos) e o solo é basicamente de xisto com incrustrações de natureza granítica. Pois é: o Douro tem um solo empedrado e pobre e uma dificuldade acachapante para trabalhar. Mas é de lá que vem a matéria-prima e é produzido o famoso vinho do Porto e os vinhos de mesa com a DOC Douro.

Você pode visitar o Douro de trem (comboio), de barco, de carro ou misturando as opções. Fui com o trem IR863 que leva 2:30 hs da Estação São Bento, no Porto, até Pinhão, uma pequena vila à margem direita do Rio Douro, que é o coração do Alto Douro Superior e voltei de carro com Inês Vaz, Press Officer da Sogrape.

A viagem acaba sendo rápida porque você não se cansa da paisagem e a chegada em Pinhão (acima) é uma prenúncio da beleza que está por vir: a estação de Pinhão é uma das mais bonitas de Portugal. Construída no século 19, é coberta por 25 painéis de azulejo de autoria de J. Oliveira em 1937, que representam cenas da cultura da uva e produção de vinho na região como as das imagens abaixo.
A Sogrape tem seis quintas no Douro, com um total de 486 hectares de vinhas plantadas com uvas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Barroca, Tinta Roriz e outras, sob a coordenação do enólogo Luis Sottomayor. A Quinta do Seixo fica na margem sul do rio Douro, no Cima-Corgo (Douro Superior), cerca de 15 Km da estação de Pinhão, e tem 71 hectares de vinhas plantadas nos sistemas patamares e vinha ao alto.
Propriedade da Sogrape desde 1987, a Quinta do Seixo hoje é um moderno centro de vinificação no qual são produzidos vinhos do Porto e vinhos de mesa e também tem instalações de enoturismo que oferecem visitas guiadas à adega, à loja e aos lagares robotizados com apresentações multimídia sobre o ciclo de produção do vinho, complementados por degustações, cursos e experiências turísticas em uma sala com uma vista panorâmica espetacular sobre o rio Douro – veja as fotos abaixo. 
 Você escolhe: os roteiros podem ter de 60 a 120 minutos, custam entre 10 e 38 Euros e incluir a degustação de até cinco vinhos do Porto em uma sala impecável (foto acima) acompanhados ou não de uma seleção de queijos regionais do Douro e de uma visita às Vinhas Velhas. Meu roteiro foi especializado e Eduardo Gomes-Helena, consultor em viticultura e enologia, foi meu guia na visita técnica (foto abaixo).

E por falar em visita técnica, acho justo registrar que além dos vinhos excepcionais e do cenário inesquecível, a Quinta do Seixo tem produzido também outro ativo importante: conhecimento em sustentabilidade. Gomes-Helena me falou com entusiasmo sobre este assunto: entre outras ações, a Quinta realiza monitoramento da diversidade nas videiras e no ecossistema do entorno (contando insetos, por exemplo); promove a biodiversidade plantando mudas de espécies autóctones como madressilva, rosmaninho, roselha, caril, medronheiro e espinheiro; restaura a cobertura vegetal natural e combate pragas das videiras reduzindo ao máximo o uso de produtos químicos. O técnico me falou que entre outras ações eles vem provocando confusão sexual na traça-da-uva para ela não se reproduzir mais…

Agende sua visita no site da Sogrape https://www.sograpevinhos.com/visitas/cave/4 - ou em agências de turismo especializadas de Porto. 

(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas baseado em São Paulo, Brasil, e é o autor de algumas das fotos; as demais são de Sonia Fonseca.


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