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terça-feira, 14 de julho de 2015

Vive la France! Champagne e Borgonha agora são Patrimônios Culturais da Humanidade reconhecidos pela Unesco

Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, temos mais dois bons motivos para comemorar com um brinde: reunido em Istambul, Turquia, o comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) declarou dia 13 de julho de 2015 dois novos bens relacionados à cultura do vinho como Patrimônios Imateriais da Humanidade, os dois na França: as Colinas, Casas e Adegas da Champagnhe e os Climats, conjunto de terroirs da Borgonha. A Unesco assim descreveu os patrimônios tombados.

Colinas, casas e adegas de Champagne
A propriedade tombada abrange locais onde o método de produção de vinhos espumantes foi desenvolvido no princípio da fermentação secundária na garrafa desde o início do século 17 para sua industrialização no início do século 19. A propriedade é composta de três conjuntos distintos: as vinhas históricas de Hautvilliers, Ay e Mareuil-sur-Ay, Saint-Nicaise Hill, em Reims, e a Avenue de Champagne e Fort Chabrol em Epernay
Estes três componentes - a bacia de alimentação formada pelas ladeiras históricas, as unidades de produção (com suas caves subterrâneas) e os de vendas e centros de distribuição (as casas de champanhe, uma delas na foto acima) - ilustram todo o processo de produção de champanhe. A propriedade é um testemunho claro para o desenvolvimento de uma atividade artesanal muito especializada que se tornou uma empresa agro-industrial.

Climats, os terroirs da Borgonha 
Os climats são parcelas vitícolas (acima) rigorosamente delimitadas nas encostas da Côte de Nuits e Côte de Beaune, ao sul da cidade de Dijon. Eles diferem uns dos outros devido às condições específicas naturais, bem como os tipos de videira e foram moldadas pela cultura humana. Com o tempo eles vieram a ser reconhecidos pelo vinho de alta qualidade que produzem.
Esta paisagem cultural consiste em duas partes. Em primeiro lugar, as vinhas e as unidades de produção associadas, incluindo aldeias e a cidade de Beaune, que juntos representam a dimensão comercial do sistema de produção. A segunda parte inclui o centro histórico de Dijon, que encarna o impulso de regulamentação política que deu à luz o o sistema de terroirs. O site é um excelente exemplo de cultivo de uva e produção de vinho desenvolvido desde a Alta Idade Média.

Agora existem 9 regiões vinícolas na Lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco, que no total tem 1031 sitios em 163 paises. São elas o Piemonte, Itália; Alto Douro, Portugal; Vinhas do Pico, Açores/Portugal; Saint-Emillion, França; Tokay, Hungria; Lavaux, Genebra/Suiça (foto abaixo); Mittelrhein, Alemanha; Champagne, França e Borgonha, França.

Além dos territórios, outros bens imateriais vinícolas também foram tombados como Patrimônio da Humanidade, como a “vite ad alberello”, técnica de 3.000 anos de cultivo de uvas da Ilha Pantelleria, Itália, considerada de alto risco e heróica; e o “Qvevri”, ancestral método de elaborar vinhos na Geórgia, com cerca de 8.000 anos, no qual as uvas são fermentadas em grandes ânforas de barro enterradas no solo – veja na foto abaixo. 
Relembro que a própria cidade de Bordeaux – a capital mundial do vinho - é um caso à parte neste assunto de Unesco: depois de uma severa reforma quase metade da cidade (1.808 hectares ou 18 quilometros quadrados)- foi tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 2007. Trata-se do maior conjunto urbano protegido do mundo cercado pela mais importante região produtora de vinho do mundo.
Outros dois territórios vinícolas também buscam o reconhecimento das Unesco mas não foi este ano de 2015 que conseguiram. São eles o Território Bobal, que inclui vinhedos certificados com a DO Utiel-Requena, na Espanha, que re-encaminhou seu pedido em 2013 como "Paisagem Cultural", argumentando 27 séculos de produção vinícola ininterrupta na região. O outro território que pede reconhecimento da Unesco é a “Paisaje del vino y el viñedo de Rioja”, cujo pedido foi feito em 2013 pelo governo da Espanha a pedido da indústria vinícola do Pais Basco.

Saiba mais sobre Unesco e cultura do vinho em várias reportagens de In Vino Viajas, tais como:
(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas e acredita que a cultura do vinho - como a cultura em geral - une pessoas e nações

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