Pesquisar neste blog

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Conheça a Fortaleza de Fenestrelle, no Piemonte, Itália, que não foi à guerra e hoje protege os vinhedos de Nebbiolo, Barbera e Dolcetto

Texto e fotos de Gustavo Boemi; edição Rogerio Ruschel (*)
Esta é de tirar o fôlego: escalar mais de 5.000 degraus para ter a vista que soldados tinham da França e da Itália no século XVII - e ver o pequeno tapete de vinhedos lá em baixo... O médico e fotógrafo italiano Gustavo Boemi esteve lá e mostra o que viu para os leitores do In Vino Viajas – mas recomendo que você leia esta história bebericando um glorioso vinho do Piemonte. Com a palavra, Gustavo Boemi.
“A Fortezza di Fenestrelle, também conhecida como Forte de Fenestrelle, é um complexo fortificado construído nos séculos XVIII e XIX no vilarejo de Fenestrelle (600 habitantes), Província de Turim, Itália. É a maior fortificação alpina da Europa, com uma área of 1.300.000 m² e o segundo mais antigo edifício militar em termos de tamanho (veja abaixo), perdendo apenas para a Grande Muralha da China.”
“Devido ao seu tamanho a fortaleza é também conhecida como a Grande Muralha da Piemonte. Construída inicialmente pelo rei francês Luís XIV a partir de 1694 contra um possível ataque do Duque de Savoy contra o Piemonte durante a Guerra dos Nove Anos, a fortaleza foi projetada para proteger a fronteira franco-italiana - na verdade para vigiar o acesso à cidade de Turim pelo Vale Chisone - e só foi concluída no século seguinte.
A fortaleza nunca participou de nenhuma guerra, de cercos ou foi atacada - apenas foi envolvida em pequenas escaramuças e em um breve confronto durante a Segunda Guerra Mundial.”
“Depois de um longo período de abandono entre 1946 e 1990, começou a ser recuperado (e continua sendo), abriu para visitação pública e hoje recebe mais de 20.000 visitantes por ano. A partir de 1999 tornou-se o símbolo da província de Turim, e em 2007 foi incluída na lista de 100 sítios históricos e arqueológicos de importância mundial em risco pela World Monuments Fund.”
“A construção é na verdade um conjunto de estruturas fortificadas contínuas de três quilometros, composta por 3 fortes e 7 construções menores independentes umas das outras, mas ligadas por terraços, muralhas, escadas e mais de 28 coberturas, com uma mudança de altitude de cerca de 635 metros entre as partes mais alta e mais baixa.”
 “A fortaleza é lembrada principalmente por seus dois longos lances de escada: a escada externa (veja acima), chamada de "Royal Flush ", porque foi utilizada pelo rei quando foi visitar a construção, com 2.500 degraus. E a escada interna, chamada de “escadaria coberta" (veja foto abaixo), com cerca de 4.000 degraus, que permite chegar a todas as partes da fortaleza que compõem a estrutura.
“Fenestrelle tem três roteiros turísticos diferentes para apresentar a fortificação do ponto de vista  histórico, arquitetônico ou turístico (mais leve e mais fotogênica). Os roteiros tem entre 45 minutos (Royal Flush) e três horas. Os visitantes visitam o forte San Carlo em detalhes, com sua preciosa Piazza d' Armi, o paiol de armas; o Tre Denti até chegar à Guarita do Diabo, um observatório com bela vista (foto que abre este post) – sempre com acesso a quadros e informações sobre os episódios que caracterizam a vida do forte.”
Nota do Editor Rogerio Ruschel
Esse é o texto que Gustavo Boemi nos preparou.  Grazie, Gustavo, molto. Mas eu tenho uma eventual contribuição a essa história que é apenas uma suposição de repórter, sem nenhum base científica: já que a construção nunca teve utilidade militar, suspeito que na verdade a Fortaleza tenha sido construída para proteger os vinhedos do Piemonte. Veja no mapa abaixo a localização do Piemonte na Itália, fazendo fronteira com a França e Suiça.
Devido ao relevo montanhoso (o nome Piemonte deriva de “pés dos montes”, isto é, ao pé dos Alpes), os vinhedos de uvas Nebbiolo, Barbera, Dolcetto e Grignolino estão concentrados ao sudeste e nordeste de Turim, bem “no caminho da França para a Itália” (veja a vista do vale, abaixo, a França é "logo ali").

Assim, se os franceses entrassem pelo Vale Chisone (marcado no retângulo vermelho, no mapa abaixo) tomariam os vinhedos e as adegas das comunidades mais próximas (Sestriere, Pinerolo, Racconigi) e chegariam facilmente a Asti, Bra, Alba, Aqui Terme, Monferrato e à região nobre dos grandes vinhos piemonteses, abaixo de Turim. 
Tudo bem, isso pode não ser verdade, mas de qualquer maneira quando você for visitar a Fortaleza de Fenestrelle, não se esqueça de fazer um brinde ao rei Luis XIV com um dos maravilhosos vinhos peimonteses: o Barolo, um vinho único, comparável aos melhores do mundo; o Barbaresco, menos encorpado e com menos acidez; o Barbera, feito com a segunda uva tinta mais glamorosa do Piemonte que gera um vinho excepcional; e o Dolcetto com suas múltiplas personalidades (D’Alba, d’Asti, di Dogliani, di Diano d”Alba), um vinho para se beber jovem, com aromas mais doces e baixa acidez.
Veja vídeos em 360 graus da Forteleza e região em http://www.provincia.torino.gov.it/multimedia/virtual/fenestrelle/index.htm 
Para ver outras fotos de Gustavo Boemi - http://www.flickr.com/photos/97150962@N07/
(*) Gustavo Boemi (foto acima) nasceu em Linguaglossa, Sicilia, se formou em medicina pela Universidade de Catania e mora em Turim, Itália. Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e não tem muito fôlego para subir tantos degraus…
  


7 comentários:

  1. A Fortaleza de Fenestrelle foi um LAGER!:a partir da última década do século XVIII até o período fascista, foi utilizado não só como uma fortaleza, mas também como uma prisão estadual e colônia penal de forma não-contínua. Os opositores políticos, tanto os líderes leigos e religiosos de todos os governos em exercício, civis acusados de banditismo, prisões militares ou prisioneiros de guerra, havia presos [5]. O trabalho forçado, abuso, má nutrição ou ausentes, sentenças de morte. Este foi unidades Fenestrelle no post unidade, onde foram matados todos os soldados Borbonici capturados no nome da unidade do reino italiano. Atualmente não há nenhum número oficial e universalmente reconhecido dos que morreram na fortaleza ao longo dos séculos. Foi um LAGER! UM LUGAR DE VERGONHA HISTORICA.

    ResponderExcluir
  2. Foi pior que o esterminio dos indios. agradeço Nella pra ter falado a verdade!

    ResponderExcluir
  3. Muito bom Rogério!!! Muito bom mesmo!! Obrigada por compartilhar conosco conhecimento.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Deziree - o legal é que saber mais não ocupa espaço...

      Excluir
  4. Justo o que eu procurava sobre corrimão bh

    ResponderExcluir